segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
TESTEMUNHO DE HUMILDADE
TESTEMUNHO DE HUMILDADE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Na preparação para o Natal fulge a humildade de São João Batista, oferecendo uma atitude fundamental para bem se receber as graças da magna solenidade que se aproxima. Ele proclamou claramente: “Já vem quem é mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar as correias das sandálias!”. Deste modo, o Precursor introduz em um mistério da mais total verdade numa sinceridade maravilhosa. Ele patenteia a grandeza de Jesus e, apesar da fama que o rodeava, nunca lhe passou pela mente ser maior do que aquele que ele anunciava. Tanto mais admirável a conduta de João Batista, quando se considera que ele era o maior dos profetas, aquele que teve o privilégio de ser o escolhido para mostrar ao povo o Messias, fruto da promessa feita por Deus a Abraão e renovada a Davi. Ele convida então a todos a não se julgar importante, catalizador de grandes feitos, superior aos outros, pois aquele cujo nascimento vai ser comemorado ensinaria: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). É para esta humildade que arrasta São João Batista e, na verdade não simplesmente mostrando um ato de virtude. Era, de fato, um ensinamento para poder inclusive compreender a lição de Jesus. Tratava-se de um comportamento, não simplesmente de um ensinamento moral. Assim só haurirão as bênçãos natalinas os que possuídos de humildade reconhecerem os seus erros, a fim de se purificarem para poder bem se aproximar do Presépio onde um Deus se fez pequenino. O mistério do Natal é um mistério do Ser Supremo com o qual só se entrará em comunhão através do reconhecimento da própria insignificância que afasta todo orgulho. O Messias que o Batista anunciava não viera a este mundo cercado de uma coorte fazendo soar trombetas, mas o reencontraremos num estábulo, fazendo-se pobre para nos enriquecer com suas riquezas. São João Batista está a acenar para uma experiência espiritual que leve a uma total conversão interior. Cumpre em pleno Advento tentar então perceber que a presença de Deus na vida de cada um não se manifesta ruidosa. Ele vem secretamente, silenciosamente, no remanso de uma noite e docemente quer nascer dentro de cada coração. É preciso então que saibamos ser humildes para captar e entender a voz silenciosa daquele que fala lá no íntimo do ser humano. Desta forma a humildade estampada em João Batista é uma condição necessária para a aproximação do Menino Deus. João Batista era o homem que não existia para si mesmo, mas para o Outro que era maior do que ele. Foi por isto que ele disse também que era preciso que Jesus fosse exaltado e que perante o Filho de Deus todos, inclusive ele, João Batista, se diminuísse. Deste modo, somos forçados a reconhecer nesta figura extraordinária do Precursor a missão mesma da Igreja. No terceiro milênio de evangelização e de testemunho é preciso que cada um se examine até onde tem cooperado para que Jesus seja, realmente, conhecido e amado. Neste Natal Ele estará batendo delicadamente às portas de nossas consciências e de nossos corações esperando uma cooperação ainda maior no esforço da própria perfeição de vida e no trabalho da evangelização. Jesus precisa de evangelizadores para anunciar o seu reino de amor.com o dinamismo daquele que O fez conhecido dos que O esperavam. Um engajamento total num apostolado profícuo. A aproximação do Natal deve levar a todos a refletir e a repensar os valores do Evangelho que se opõem aos valores humanos. Numa sociedade materialista obnubilada pelo desejo de riquezas e de prazeres egoístas cumpre verificar o que em nossas comunidades se pode realmente fazer para ajudar os mais necessitados. É preciso levar a todos que estão na solidão e no desespero as alegrias do Natal de Jesus. Que faria João Batista nos dias de hoje? Certamente ele demonstraria a nossos contemporâneos na simplicidade de vida, na satisfação de ser solidários e misericordiosos que não se deve ter a ilusão de ter feito muito, quando é possível fazer mais pela própria santificação e ajuda ao próximo. É necessário que sejamos assim outros imitadores de São João Batista e não passaremos simplesmente pelo Natal, mas o Natal marcará definitivamente nossa vida. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário