segunda-feira, 16 de novembro de 2015
UM PASTOR QUE REI
UM PASTOR QUE É REI
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O último domingo do Tempo Comum apresenta a comemoração de Cristo Pantocrátor, Todo-poderoso, Onipotente, Rei no pleno sentido da palavra. Pilatos, ao escutar Jesus falando que seu reino não era deste mundo, indagou: “Portanto, tu és rei?" A resposta foi incisiva: “Tu o disseste, eu sou rei” (Jo 18,33-37). O projeto de Deus, desde toda a eternidade, é oferecer aos homens a possibilidade de entrar no reino do Divino Salvador. Por isto Cristo, que é Rei, se apresentou como o bom Pastor (Jo 10, 11-18). Com seu poder soberano Ele leva suas ovelhas a descansar em herbosas pastagens. Ele conduz às águas solaçosas, deleitosas. Então estas ovelhas sabem que a clava e o báculo deste Rei-Pastor são para ela seu conforto, penhor de proteção inabalável. O súdito fiel de Cristo pode proclamar: “Ainda que eu andasse por tenebroso e funéreo vale, não temerei mal algum, porque estais comigo” (Sl 22). A felicidade suprema será estar com Ele no seu reino por toda a eternidade. Assim sendo Cristo Rei do Universo não é um monarca despótico, mas este Rei Pastor que conduz com ternura ao seu reino eterno. É preciso então ser fiel a Ele, escutar sempre sua voz, deixar-se conduzir por Ele. Eis aí a grande mensagem desta solenidade. O critério desta lealdade é o amor. Amar a este soberano que quer ser amado por todos como Ele ama a cada um. Este amor que se demonstra a este Rei se estende aos outros, porque o amor ao próximo mostra efetivamente o progresso no amor a Jesus. Este deseja que ninguém se feche em si mesmo, mas esteja atento às necessidades alheias. É que Cristo é Rei também porque Ele deu sua vida para a salvação de todos. Alertou, porém, que “quem ama a verdade escuta sua voz" (Jo 18,37). Ele demonstrou uma realeza paradoxal, ou seja, uma soberania que dá testemunho da verdade. Durante sua vida este Rei Pastor lançou sementes de amor que chegariam ao ápice na sua imolação no alto de uma Cruz a qual se tornou a encruzilhada da realidade deste seu grande afeto. Esta Cruz foi a resposta a Pilatos que perguntava: “O que é a Verdade”? Esta Verdade seria o caráter total, cósmico e escatológico de sua realeza. Ele ostentou um coração palpitante de dileção que O levou a se sacrificar pela humanidade. Seu súdito deve, portanto, viver no Reino do autêntico amor. Trata-se, de fato, de uma soberania peculiar. Enquanto os chefes das nações subjugam e exploram o povo que está sob seu poder, Cristo Rei redime, liberta e reabilita. Sua cruz oferece a dimensão da realeza-serviço, diaconia do Filho de Deus. Diante dos poderosos que dirigem e dominam, destruindo os homens, os povos, sua vida, seu destino, muitos se julgando os donos da terra, Cristo Rei, o divino Pastor, só irradia desvelo, compreensão, interesse pela felicidade de todos. Messias-Rei da raça de Davi, Filho de Deus, nesta terra Ele se interessou pelos deserdados da fortuna, pelos doentes, pelos aflitos. Estes sempre encontraram nele abrigo e carinho. Este Rei pôde então afirmar: “Vinde a mim os que padeceis e andais angustiados, e eu vos aliviarei (Mt 11,28). Senhor de tudo explicou: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Prometeu ser um refúgio seguro durante a vida e, sobretudo, na hora da morte: “Tomar-vos-ei comigo, para que onde eu estou vós estejais também” (Jo 14,3). São Paulo nos lembra então que Cristo Rei e Pastor é “poderoso também para cumprir o que prometeu” (Rm 4,21). Este soberano enche de esperança os súditos que se acham nas trevas dos erros, pois encontrarão sempre em seu coração a fonte e o oceano infinito de clemência, dado que Ele declarou: “Quero a misericórdia e não sacrifícios; porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,13). No dia de hoje Ele está a dizer aos que titubeiam nas veredas da santidade que eles podem se tornar ótimos cristãos, pois Ele está a lhes dizer: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Àqueles que já Lhe são fiéis Ele conclama: “Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai do céu" (Mt 5,48), uma vez que o processo de santificação do batizado precisa ser ininterrupto. Cristo Rei está ainda a garantir aos que O amam aquilo que se acha registrado no Livro do Apocalipse: “Eu não apagarei o seu nome do Livro da Vida e o confessarei diante de meu Pai e dos seus anjos” (Ap 3,5). Deste modo, felizes são os que adoram este Rei, pois este lhes concederá a perseverança nas trilhas do bem e da virtude. Isto, sobretudo, para aqueles que O recebem na Eucaristia, dado que suas palavras foram meridianamente fulgentes: “Eu sou o pão vivo que desci do céu. Quem come deste pão viverá para a eternidade” (Jo 5,51). Seu reinado abrange todas as mais recrescentes aspirações do ser humano. Longe de Cristo Rei, que é o Pastor amoroso, o homem e a mulher caminham para sua ruína. É o que se contempla nas ações criminosas e aberrantes daqueles que não O aceitam e seguem. É necessário então levar por toda parte as mensagens de Cristo Rei, sua luz redentora, porque somente Ele liberta e salva. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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