segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

JESUS CURA UM LEPROSO

JESUS CURA UM LEPROSO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* São Marcos detalhou o episódio de uma dos comoventes milagres de Cristo “Um leproso chegou perto de Jesus e, de joelhos, pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me” (Mc 1, 40). Era uma oportunidade única na vida daquele doente. Ele queria ardentemente recuperar a saúde, dar outro sentido a sua existência e desejava também poder ser recebido na comunidade. Com efeito, a sociedade o considerava impuro, ferido por um castigo de Deus. Como todos os outros leprosos, estava banido da coletividade. Era-lhe vedado entrar em uma cidade ou vilarejo e todo mundo devia se afastar dele. Ao ver, porém, o famoso Rabi da Galileia aquele pobre sofredor não se conteve e, humildemente, se prostrou diante dele demonstrando confiança absoluta na onipotência daquele Médico divino. Este logo demonstrou sua misericórdia e, sobretudo, o seu poder: “Eu quero fica curado”. Como Jesus agia como o Servidor do Pai, sem ostentação ruidosa, pediu que o miraculado não divulgasse aquele prodígio. Envolto em gaudio imenso, o miraculado ignorou a ordem recebida e todos vinham procurar Jesus que se refugiou em lugares desertos. Que contrastes neste acontecimento! De um lado o leproso que todo mundo detestava e de outro a santidade do Filho de Deus que a todos atraia. O leproso não podia entrar na cidade em razão do medo da contaminação da doença; agora é Jesus que não podia estar nas cidades por causa do entusiasmo das multidões, tanto é verdade que a misericórdia é muito mais contagiante. Aquele leproso, contudo, deixou uma lição magnífica, pois sua espontaneidade, sua fé inabalável na onipotência de Cristo, tocou o coração de Jesus. Quantos, infelizmente, se aproximam do Mestre divino, mas duvidando e até, muitas vezes, pedindo, não de joelhos, mas arrogantemente as graças redentoras. Muitos se esquecem do que Ele asseverou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Sua misericórdia é sem limites, seu amor é infinito. Nada, portanto, de desolação, de dubiedades. Para nos salvar Deus teria podido agir diretamente sem intermediário, a partir de sua Onipotência, Ele que está em toda parte. Entretanto, invisível, Ele se tornou visível em seu Filho Encarnado. Este tomou um corpo, percorreu os caminhos humanos, tomou pessoalmente conhecimento de todos os sofrimentos numa terra de exílio. Deixou mensagens consoladoras. Como bem se expressou Santo Hipólito “Esse Verbo, o Pai o enviou no fim dos tempos. Não o queria mais pronunciado por um profeta nem subentendido através de uma pregação obscura, mas ordenou que se manifestasse de forma visível para, ao vê-lo, o mundo fosse redimido”. Acrescente-se também que para salvar o homem e restaurá-lo na graça, Deus teria podido visar apenas a alma. Contudo, como há uma união substancial entre a alma e o corpo, o que constitui o fundamento ontológico da dignidade da pessoa humana, a qual é um corpo que está enformado por uma alma ou uma alma a enformar um corpo, “o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Tudo isto é admirável da parte do Criador. Eis por que o Filho de Deus encarnado sarou os corpos e sanou tantas almas. Um leproso que era desprezado por causa de sua fétida e contagiosa doença se viu inteiramente curado, purificado do ostracismo social. Aquele que era um morto vivo aos olhos de seus compatriotas se vê totalmente recuperado. Tudo isto porque o amor de Jesus restaura até o que parece irrecuperável diante dos homens. O leproso era um banido da sociedade. Jesus também um dia, cumprindo a profecia de Isaias seria desprezado, abandonado de todos, homem de dores, familiar do sofrimento, semelhante aos leprosos dos quais se devia afastar e considerado como um nada, humilhado no alto de uma cruz. Lá ele curou pelo seu sofrimento e pela sua misericórdia a pior de todas as lepras que é o pecado que desfigura o ser humano. Desta doença só não se vê livre quem não acolhe seu poder, sua misericórdia, sua bondade. Alegre-se todo aquele que nele confia, pois verá em seu derredor fatos extraordinários, surpreendentes, assombrosos como o que aconteceu com o leproso do Evangelho de hoje! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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