segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

JESUS TENTADO POR SATANÁS

JESUS TENTADO POR SATANÁS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* Embora a narrativa de São Marcos sobre a ida de Jesus ao deserto, levado pelo Espírito, seja de uma extrema concisão, em comparação com o que escreveram os outros Evangelistas, sua mensagem não é menos rica (Mc 1,12-15). Foram quarenta dias entre o Batismo de Cristo e o início de sua atividade missionária na Galileia. Há três aspectos nesta longa estadia que São Marcos ressalta: a tentação por parte do demônio, a presença dos animais selvagens e a vinda dos anjos que serviam a Jesus. O Pai O havia proclamado seu Filho bem-amado e o Espírito Santo descera sobre Ele. No entanto, o mesmo Espírito O conduziu ao deserto, onde sua fidelidade ao Pai seria provada. Os quarenta dias são simbólicos e lembram os quarenta anos da marcha do Povo de Deus no deserto; os quarenta dias e quarenta noites de Moisés no Sinai; os quarenta dias da caminhada de Elias para o monte Horeb (1 R 19,8) e os quarenta anos durante os quais os Filisteus dominaram Israel (Jz 134,1). Cada um destes períodos foi uma prova e, na verdade, de fato, época de tentação. A experiência de Jesus está, portanto, estreitamente ligada a tudo que viveu o Povo de Deus e seus Profetas antes dele. Sem descer a detalhes São Marcos simplesmente diz que Jesus foi tentado por satanás. É que a tentação, sob todas as suas formas, sempre se constitui num apelo à recusa à vontade do Pai. Jesus lá no Horto das Oliveiras, no momento crucial de sua obra redentora, por entre horripila agonia dirá: “Abá, Pai, tudo te é possível afasta de mim este cálice! Mas não se faça o que eu quero, senão o que tu queres (Mc 14,16). No deserto Ele passou os dias entre os animais selvagens, bem símbolos dos escribas, fariseus e outros chefes religiosos que o prosseguiram durante toda sua vida pública. Os anjos, mensageiros do Pai representaram no deserto aqueles e aquelas que o serviram até O Calvário. Cada um dos seguidores de Jesus no deserto desta vida passa também por tentações e não pode deixar de ser fiel à sua vocação cristã, à sua missão neste mundo. Cumpre imitar a fidelidade de Jesus e lutar contra os animais selvagens interiores e exteriores que são as tentações diabólicas. É preciso então implorar que Deus envie os anjos, a Virgem Maria e os santos para assistir a cada um, preservando a lealdade para com o projeto divino. Jesus está a dizer a todo seu seguidor, o qual, por vezes, pode trepidar ante o inimigo: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Este mostra o caminho da justiça, do amor e da paz, desde que cada permita a Deus transformar sempre seu coração, purificar sua consciência e firmar sua vontade nas rotas da santidade. Lá do deserto Jesus faz um apelo a seus discípulos através dos tempos, ou seja, uma renovação completa no modo de pensar, de ser. A missão do seguidor de Cristo consiste em vencer o demônio com a ajuda da graça, e, como foi dito, com a proteção dos anjos, da Virgem Maria e dos santos. Esta pugna tem por objetivo a glória do Pai e a conquista da coroa da vida eterna. Asseverou São Tiago: “Feliz o homem que suporta pacientemente a tentação, porque, depois de ser provado receberá a recompensa da vida que o Senhor prometeu aos que O amam” (Tg 1,12). Ele quer provas de constância e de amor. Com Sua graça o cristão precisa ser valente e dominar as forças do mal, triunfando perante os obstáculos. Deus testa, o demônio apenas tenta, o cristão precisa ser vitorioso. A tentação é universal e Deus a permite para que cada um possa aumentar os merecimentos para céu. O principal, porém, é fugir das ocasiões de pecado, pois diz a Escritura “quem ama o perigo nele perecerá”. Ao imitar Jesus, o batizado se enche de entusiasmo e esperança, porque com o auxílio divino pode sempre resistir às ciladas de satanás. Cristo ensinou a rezar ao Pai: “Não nos deixeis sucumbir à tentação” e esta prece é poderosíssima. Cada um deve se examinar, pois como ensinam os Mestres espirituais, é preciso diagnosticar com precisão os defeitos dominantes. É necessária a humildade para reconhecer os pontos fracos na própria existência. Cumpre, estar sempre de atalaia, em estado de luta permanente. As tentações podem vir do interior de cada um, a saber, da gula, da avareza, da luxúria, da ira, da inveja, da preguiça e do orgulho. Tudo isto é incrementado pelo mundo exterior através dos meios de comunicação social muitos dos quais arrasam os critérios do Evangelho. Todo cuidado é pouco e daí a necessidade de recorrer sempre à oração, pois “quem reza se salva, quem não reza se condena’.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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