terça-feira, 7 de junho de 2011

Lições do espinho de Santa Rita

LIÇÕES DO ESPINHO DE SANTA RITA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Proclamou o Apóstolo Paulo:"Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gl 6,14). Santa Rita de Cássia, experimentou também sempre especial atração pela Paixão do Salvador, tema favorito de suas reflexões. Muitas vezes entrava em êxtase imerso no oceano dos sofrimentos de Cristo.
Em 1441, veio a Cássia para pregar a Quaresma, São Tiago de La Marca, discípulo de São Bernardino de Sena cuja festa se celebra dia 20 de maio. O sermão da paixão de Nosso Senhor sensibilizou profundamente Rita. Voltando ao convento, profundamente emocionada com o que ouvira, prostrou-se diante da imagem do crucifixo que se achava em uma capela interior, e suplicou ardentemente a Jesus que lhe concedesse participar de suas dores. Na quinta-feira santa durante um êxtase, Rita foi milagrosamente ferida na fronte por um espinho de Cristo Crucificado diante do qual ela rezava. Aquele espinho se destacou da coroa do crucifixo, veio a ela e entrou tão profundamente em sua testa que a fez cair desmaiada e quase agonizante. Eis por que os devotos de Santa Rita em toda as quinta-feira do ano, procuram homenageá-la de modo especial.
Suportou ela aquela ferida durante 15 anos, a qual lhe era sumamente dolorosa. Demonstrou sempre, contudo, uma paciência admirável, resignação total. Está por isto a repetir a todos os seus devotos com o Apóstolo: "Com efeito, à medida que em nós crescem os sofrimentos de Cristo, crescem também por Cristo as nossas consolações" (2Cor 1,5).
Dava como São Paulo uma aplicação transcendental a suas dores: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Cl 1,24).
Cumpre imitar a paciência de Santa Rita ante as tribulações pois os que se revoltam contra as mesmas foram assim rotulados no Apocalipse:"Amaldiçoaram o Deus do céu por causa de seus sofrimentos e das suas feridas, sem se arrependerem dos seus atos" os quais foram imersos nas trevas (Ap 16,11).
Nunca se deve esquecer o que disse São Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Rm 8,18),
Por tudo isto Santa Rita mereceu o elogio de São Tiago: "Vós sabeis que felicitamos os que suportam os sofrimentos de Jó".(Tg 5,11).
Seus padecimentos lhe granjearam uma grande recompensa no céu, de acordo com o que preconizou São Pedro: "Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória" (1Pd 4,13).
Cumpre recordar tais verdades e como Santa Rita de Cássia estar continuamente junto de Cristo crucificado. Não tenhamos medo de subir sempre pela agreste encosta do Calvário para captar as inspirações do divino Crucificado. Aproximemo-nos do Homem da Dor, Mártir sublime que nos acena do lenho da amargura, chamando-nos para escutar comunicações que beatificam.Abramos nossos corações à linguagem de Jesus! Ele nos ensinará a sabedoria de Deus. Vamos todos a esta fonte de salvação para nos saciar com dons divinos. A árvore bendita donde pendeu o fruto celeste indica uma passagem para um mundo no qual tudo é felicidade. Leiamos, sem cessar, este livro aberto com golpes tão cruéis.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos..

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