terça-feira, 23 de novembro de 2010

A MANIFESTAÇÃO DE JESUS

A MANIFESTAÇÃO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Epifania é uma palavra grega, que significa manifestação. Jesus é adorado pelos Magos que Lhe foram ao encontro por meio da estrela. Este fato marca a revelação do Redentor a todos os povos. Ele se manifestará aos judeus ao ensejo do batismo de João no rio Jordão, ocasião em que se deu o testemunho do Pai e do Espírito Santo. Aos discípulos sua primeira manifestação será nas Bodas de Caná, quando ele muda a água em vinho. Através de seus milagres e, sobretudo, de sua admirável ressurreição dos mortos Ele deixará claro que era o Messias prometido, Salvador de todos os povos. Os Magos foram dignas primícias dos Gentios, iniciando toda esta série de sinais da obra salvífica. Dentro de pouco tempo as nações receberiam o anúncio de sua mensagem e os ídolos cairiam de seus falsos tronos. A redenção se entenderia por toda parte. Imperadores, reis, governantes, homens e mulheres de todas as classes sociais e das mais variadas nações se ajoelhariam diante dele. É esta realidade que a ida dos Magos até Jesus proclama altissonante. Por isto mesmo, o Evangelho não diz quem são eles, nem de onde vieram. Podem ter saído da Pérsia, ou da Mesopotâmia, ou de outras terras. Nem mesmo o número exato é relatado, mas a tradição faz ver naqueles sábios astrônomos os representantes de todo o mundo então conhecido, a saber, da África, da Ásia, da Europa, significando a extensão da obra redentora. Cristo foi enviado não para alguns apenas, mas para todos os povos, para todo ser humano que habita este mundo. Ele dirá claramente: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), Eis por que através dos tempos a Igreja decodificou o sinal desta universalidade, vendo nela um convite a levar o Evangelho às mais longínquas regiões do globo, sustentando o esforço missionário através de outros continentes. Nas turbulências do mundo de hoje, a Epifania nos leva, porém, ao apelo de levar Jesus também no meio em que se vive, uma vez que, como outrora desejava Herodes, as forças do mal, mormente através da mídia, querem matar Jesus na sociedade hodierna. A doutrina de Cristo, sua Igreja, os mandamentos divinos são menoscabados. Muitos vivem numa dissolução de costumes que mais pagãos parecem ser do que cristãos. Daí o grande desafio do verdadeiro discípulo de Cristo de se transformar em uma estrela luminosa que guie até Jesus, como aconteceu com aquele astro celeste que conduziu os Magos até o presépio. Palavras e atos que permitam aos que se afastam de Jesus a depararem novamente uma fé profunda. A fé é um ideal que se parece com uma estrela como aquela que norteou os Magos. Às vezes, pode parecer estar longe, como aquela marchetada no imenso veludo do firmamento, mas ela conduz mesmo numa rota por vezes obscura e leva a olhar para o céu. Muitos têm olhos e não vêem e, então é preciso que haja aqueles que, envoltos numa crença profunda, indiquem o caminho até Jesus. O perigo de perder a estrela, de perder a fé, existe sobretudo num mundo hedonista, materialista, como o atual. A superficialidade, a fadiga, a comodidade, o orgulho, a vaidade podem fazer a estrela desaparecer. Além disto, cumpre que se apresente o Verbo de Deus Encarnado, identificando-O como Rei, simbolizado no ouro que Lhe foi oferecido; como Deus, agraciado com o incenso; como Cordeiro imolado na Cruz, a quem foi ofertada a mirra. A Jesus, soberano do Universo, se deve consagrar toda dileção da vida pessoal; a adoração por meio de um culto de latria sincero que envolva toda a existência e o sacrifício diário do dever bem cumprido, dos sofrimentos aceitos com resignação, da disponibilidade total para o apostolado. Os Magos se prostraram diante do Menino Jesus. Eles não tinham vindo por mera curiosidade, mas para adorar. Cada domingo, como os Magos, em comunidade, nos reunimos para adorar o Senhor. Muitos, infelizmente, perdem o sentido da Missa dominical, esquecidos de que é participando da mesma se rende ao Ser Supremo a suprema homenagem, fazendo chegar ate Ele o mais perfeito agradecimento por todas as suas graças, escutando sua Palavra, recebendo mensagens preciosas para uma nova semana que vai se iniciar. Adite-se que os Magos encontraram o Menino com Maria sua mãe. Assim como Ele veio ao mundo através dela, junto dela sempre O encontraremos na plenitude de toda sua grandeza. Finalmente, não se pode esquecer de que os Magos retornaram para sua terra por outro caminho. Nosso encontro natalino com Deus, deve nos levar a descobrir uma nova rota, evitando as veredas tortuosas do mal, fugindo energicamente de toda ocasião de pecado. O cristão, como os Magos, precisam durante toda sua vida estar à procura de Deus, como peregrinos da eternidade e construtores de um mundo novo.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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