terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ficai preparados

FICAI PREPARADOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Se há um acontecimento para o qual todo cristão deve bem se preparar é, sem dúvida, após a Páscoa, o Nascimento de Jesus. Todas as graças e bênçãos de sua chegada a este mundo lá em Belém se renovam através da Liturgia. Por isto mesmo durante quatro semanas se dá uma renovação espiritual dentro do que Cristo advertiu: “Ficai preparados”(Mt 24, 44). A grande pergunta que cada um deve fazer é esta: O que devo mudar na minha vida de sorte que Jesus seja um convidado recebido com carinho, sobretudo, no dia 25 de dezembro. É preciso vencer o torpor espiritual. Uma revisão de projetos, dando à vida pessoal uma dimensão de eternidade. Para que se possa usufruir daquela alegria e paz anunciada pelos anjos na noite bendita, cumpre a purificação interior através de um intenso amor a Deus e ao próximo. Ao vir a esta terra não havia um lugar onde Ele pudesse nascer e José e Maria tiveram que se valer de uma estrebaria. O fato se repete através dos tempos quando em muitos corações não haverá guarida para o Menino Deus. É preciso que se reze pela conversão daqueles que estão longe do divino Redentor para que façam uma boa Comunhão no dia do Natal. Todos devemos imitar os pastores e os anjos, levando a mensagem natalina por toda parte. A preocupação com presentes materiais e com a ceia da meia noite não deveriam jamais tirar o foco da recepção do divino Infante dentro de cada batizado, além da ajuda generosa aos mais necessitados. Todas as iniciativas de acolhimento e libertação devem florir nestes dias antes do Natal. Isto significa vislumbrar a existência cristã com realismo e sabedoria, tendo como objetivo prioritário caminhar com coragem e confiança nas sendas da justiça, da caridade, do encontro com o Senhor. O Advento é um tempo de mobilização e de um despertar para as realidades perenes. Período de procura, de atenção, de vigilância. É contexto de amor e otimismo. Mister se faz interiorizar, personalizar o Advento. Para tanto que cada um procure encontrar suas próprias respostas às questões, direta ou indiretamente, ligadas ao nascimento do Redentor e a vida pessoal de cada um. O que, de fato, Jesus representa para mim no dia a dia eis o grande tema a ser refletido, chegando-se a uma experiência interior de grande valia. O nível da fé depende do que cada cristão é e da maneira como ele percebe a personalidade do Salvador, o qual deve ser o centro de todas as aspirações. Ele é o grande vencedor que veio ao mundo para redimir a humanidade, realizando seu plano de dileção infinita. É deste modo que a vinda de Jesus a este mundo em Belém e, um dia, no fim dos tempos se torna motivo de imensa esperança. Esperança de um mundo melhor longe da servidão do pecado e das consequências do afastamento de Deus. É que, como está no salmo 24, “os caminhos do Senhor são amor e verdade para quem observa sua aliança e suas leis. O segredo do Senhor é para aqueles que o temem aos quais faz conhecer sua aliança”. Início de um novo Ano Litúrgico, o Advento abre perspectivas de uma participação ainda mais fervorosas nas solenidades que serão revividas e que trarão as graças específicas dos eventos celebrados. É o meio de cooperar, mesmo modestamente, para que haja uma terra nova, mais justa e mais fraternal. Fazê-la mais humana, mais conforme a vontade do Criador. Intensificar a solidariedade a partir do Advento é preciso, para glória de Deus e bem do próximo. Trata-se da Encarnação da Boa Nova na vida cotidiana. O grande perigo para a humanidade não vem do alto, pois Deus é Amor e se fez homem para nossa salvação. O perigo está entre os que não acolhem a mensagem do Presépio e promovem as guerras, as epidemias, a fome, o tráfico de seres humanos e toda espécie de desregramento, além da poluição que ameaça o futuro do planeta terra. O Advento é um convite a que se lute contra toda espécie de egoísmo. É preciso que os seres humanos retifiquem sua conduta e renovem sua aliança com Deus e um novo modo de vida estará instaurado neste mundo, reinando por toda parte o amor e a imperturbabilidade. São Paulo traçou um programa para o Advento: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonarias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos do senhor Jesus Cristo!” (Rm 13,12-14) Então, sim, cada um estará preparado não apenas para a comemoração do Natal, mas também para quando Jesus voltar no dia da morte de cada um e no fim dos tempos e Ele alertou: “Na hora em que menos pensais, o Filho do homem virá” (Mt 24,44). Isto repleta o cristão de esperanças e o liberta dos turbilhões dos excessos de preocupações materialistas, puramente temporais. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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