terça-feira, 23 de novembro de 2010

A firmeza cristã

A FIRMEZA CRISTÃ
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A vida cristã é um combate constante, uma pugna ininterrupta à luz da fé, uma batalha diuturna para obter o prêmio eterno. Claras as palavras de Jesus: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 2, 5,19). Peleja árdua contra os poderes do mal, as forças da incredulidade, as mentiras dos falsos profetas. Os cataclismos naturais a um mundo finito, limitado conspiram também contra os que têm uma fé anêmica que conduz à dúvida sobre a própria existência de Deus. Além disto, Cristo advertiu também sobre as contradições que sofrem os que praticam o bem num mundo adverso às realidades por Ele pregadas. Disse, contudo, anteriormente aos Apóstolos: “Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo (Jo 6,33). O cristão não vive num castelo encantado ou no alto de uma torre de marfim. Eis por que São Paulo admoestou os Efésios: “Irmãos fortalecei-vos no Senhor pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares” (Ef 6, 10,12). Aconselhava em seguida: “Tomai, portanto, a armadura de Deus para que possais ficar inabaláveis nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever”. Este Apóstolo que vivia o que ele pregava pôde afirmar: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fl 4,13). Cumpre, realmente, se fortificar espiritual e moralmente pela união com o divino Redentor para poder lutar eficazmente contra as forças malignas e, assim, perseverar até o fim. É preciso que todo batizado, como se lê na Carta a Timóteo, seja um bom soldado de Jesus Cristo, mesmo porque diz o Apóstolo “nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras” (2 Tm 2,5). Para isto a figura de Cristo não pode sair da lembrança de seu seguidor, o qual, se souber perseverar, com Ele reinará um dia (Idem, v. 12). Os adversários do bem, os inimigos de Cristo neste mundo são numerosos e só quem está radicado solidamente na fé é aquele que não perde a coragem na caminhada cristã e chegará ao porto seguro na outra margem da vida onde Jesus o espera para as delícias uma eternidade feliz na Casa do Pai. Todo cuidado é pouco pois, como Cristo deixou claro no Evangelho as potências diabólicas são poderosas e se apresentam multifacetadas. Ai, porém, daqueles que não se acautelam e se expõem às trevas. O Livro do Eclesiástico não podia ser mais preciso e didático: “O coração empedernido acabará por ser infeliz. Quem ama o perigo nele perecerá (Ecl 3,27). Nenhuma aliança, nenhum pacto, nenhum tratado de paz é possível com o demônio e suas artimanhas. Neutralidade alguma deixa o cristão indene, pois diante das forças do mal ou se vence ou é vencido, dado que o espírito das trevas é muito mais inteligente do que o ser humano e, na expressão de São Pedro, é como um leão a rugir que anda em derredor de cada um prestes a devorá-lo (1 Pd 5,8). A intenção do Príncipe dos Apóstolos é prevenir contra as tentações e pobre daquele que subestima a força do diabo e seu poder de prejudicar o discípulo de Jesus, impedindo-o de perseverar. Ele é sumamente astucioso e uma de suas manobras é fazer o cristão acreditar que ele não existe e que ele não se utiliza dos meios de comunicação social para espalhar suas malévolas insinuações. Com a graça de Deus, porém, o cristão persiste constante na prática das virtudes e jamais confia em si mesmo se expondo às ocasiões de pecado. É necessário lutar para ficar perseverante como recomendou Jesus. Cristãos fracos, vacilantes, que rezam pouco são presas fáceis do Inimigo de sua salvação. É necessário, segundo São Paulo, estar atento, cingido com a verdade e vestido com a couraça da justiça, tomar o escudo da fé para poder apagar todos os dardos inflamados do Maligno, tomar o capacete da salvação, a espada do Espírito, ou seja, a palavra de Deus, intensificando invocações e súplicas, orando em toda circunstância, perseverando em intensa vigília de súplica (Ef 6,13 e ss). Eis os meios para permanecer firme a fim de ganhar a vida eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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