terça-feira, 23 de novembro de 2010

Jesus, o divino taumaturgo

JESUS, O DIVINO TAUMATURGO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Quando João Batista enviou alguns discípulos para perguntarem a Cristo se Ele era o Messias prometido a resposta foi sumamente sugestiva. Jesus disse: “Ide contar João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados” (Mt 11, 4-5). Ele viera curar os males físicos e anunciar a Boa Nova. Adão, antes de seu pecado, vivia num estado de saúde primordial, privilégio que ele perdeu para si e seus descendentes. Os seres humanos se tornaram presa de toda espécie de doenças da alma e do corpo. Foram condenados á morte física e à morte espiritual, pois nasceriam com o pecado original, privados da graça santificante, da participação da vida divina. Foram expulsos do Paraíso. Nem Moisés, nem os profetas, nem os anjos puderam fazer alguma coisa dada a gravidade de tais moléstias. Eis por que Deus prometeu o Redentor que curaria as feridas da rebelião edênica. O Salvador seria o notável Taumaturgo que viria regenerar a humanidade. Daí o significado das curas efetuadas por Cristo. A visão espiritual e salvífica da missão de Jesus leva à compreensão do fato dele ter restituído a saúde e a vida a tantas pessoas e isto estava relacionado com sua pregação. Tanto isto é verdade que Ele acentuou que os pobres, ou seja, os humildes estavam sendo evangelizados. Cristo veio para os doentes e os pecadores, veio para curar as almas, os corações e os corpos e oferecer de novo a saúde perdida pelo primeiro pecado. Na sua vida pública os milagres são realizados num contexto de abertura para a fé. A vários miraculados Ele disse: “Vai tua fé te salvou”. Traziam seus milagres uma mensagem para aquele que escutou sua palavra e acreditou que Ele era o Messias que tinha poder de vencer as doenças. Ao paralítico que Ele faria andar, antes lhe foi dito: “Teus pecados estão perdoados”, significando que a doença da alma era mais importante e maior do que a paralisia do corpo. Isto provocou inclusive o protesto dos fariseus e dos escribas, pelo que Jesus disse ao doente: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. Este terceiro domingo do Advento vem, deste modo, nos lembrar que Aquele que festejaremos no dia de seu Natal é alguém que traz a cura total. A cura evangélica não pode ser uma realidade puramente médica, ela é, antes de tudo, um fato espiritual que envolve todo o ser humano: alma, coração, psiquismo e o corpo. Quantos enfermos se esquecem que para os remédios prescritos pelos médicos fazerem efeito é preciso a imperturbabilidade, a serenidade, a paz de espírito. Quantas doenças físicas resultam dos males espirituais, provenientes, sobretudo, do remorso, que é causa de agitação, de frustração, de todo tipo de desvios psíquicos. Jesus dirá claramente: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância”. O Natal é tempo de cura espiritual e corporal, mas quem pode sanar os males humanos é somente Jesus, através do arrependimento sincero, da prece confiante, a qual confere sempre a força necessária para suportar o sofrimento. Cristo entregou à sua Igreja os remédios sacramentais. Pelo Batismo o cristão é enxertado nele, verdadeira vinha, a nova árvore da vida. Na pia batismal o cristão se despoja do velho homem, é purificado do pecado ancestral, restaurado na amizade com Deus. Pela Crisma recebe o dom do Espírito Santo e com ele a energia necessária para crescer espiritualmente. A Confirmação cura as fraquezas da alma e do corpo, torna o batizado capaz de testemunhar o Evangelho. Os primeiros teólogos gregos viam na Eucaristia o remédio por excelência, capaz de sanar os males ligados ao pecado. São João Cristóstomo afirma ter o Corpo de Cristo uma virtude terapêutica que se irradia pelo corpo do comungante, São Clemente mostra como este Sacramento comunica a imortalidade. Visível também o caráter medicinal da Penitência e da Unção dos Enfermos. Quantos após uma Confissão sincera, arrancado o remorso que lhe corroia o ser, se viram restabelecidos no corpo e na alma. Muitos gravemente doentes recuperam a saúde ao receber a Unção sagrada. Eis porque o tempo do Advento é propício a que se recorde o papel medicinal dos Sacramentos. É nisto que se deve pensar ao invés de se deixar levar pela sociedade de consumo que procura comercialmente explorar a festa natalina. Correr para junto do divino Taumaturgo é garantir a boa saúde corporal e mental e, a Seu exemplo, cumpre amparar os pobres que devem merecer atenção especial nestes dias de preparação para o Natal. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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