quarta-feira, 23 de junho de 2010

VIVER A REALIDADE EUCARÍSTICA

VIVER A REALIDADE EUCARÍSTICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Na Eucaristia almejou estar entre nós. É, sobretudo, com este maravilhoso Sacramento que se realiza o que Ele prometeu: “Eis que estarei convosco todos os dias até à consumação dos séculos” ( Mt 28,20). Nos sacrários das nossas Igrejas Ele dá a todos audiência a qualquer hora e em qualquer necessidade.
É diante do Altar que devemos colocar todas as nossas preocupações e necessidades. Tal o convite amoroso de Jesus : “Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso do fardo e eu vos darei descanso”( Mt 11,28). Para isto devemos ter aquele olhar penetrante do camponês de Ars que ajoelhado perante o sacrário parecia nada rezar. Indagado, porém, sobre o que fazia ali, ele respondeu: “Eu o vejo e Ele me vê”! Grande fé a daquele homem e não menor sabedoria, pois encontrava junto do divino prisioneiro de amor solução para todos os seus problemas. De tal forma a vida cristã deve girar na órbita da Eucaristia que visitas espirituais sejam feitas quer se esteja em casa, ou no trabalho, ou no lazer.
Além de tudo isto é preciso irradiar o mistério de amor de Cristo eucarístico na sociedade. Aquele que cultua Jesus no Sacramento saberá servi-lo na pessoa do próximo. Ele declarou: “O que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizeste” (Mt 25,40). Terminada a Missa começa nossa missão de levar amparo aos mais necessitados, a luz da verdade aos que jazem nas trevas do erro, serviço onde exercemos nossas atividades cotidianas. Isto porque a Eucaristia é por excelência o Sacramento da unidade e da fraternidade. O Apóstolo Paulo expressou magnificamente esta realidade: “ O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós embora muitos, somos um só corpo, visto que somos participantes desse único corpo”( l Cor 10,16-17). Que tenhamos plena consciência de que Cristo operou tantos prodígios de conseqüências tão inefáveis ao instituir a Eucaristia para que tivéssemos sempre a convicção absoluta de que Ele, realmente, muito nos ama. Assim Ele nos deixou a faustosa certeza de que neste sacramento se acha a fonte de toda misericórdia, de toda dileção, de toda ventura. Ele ocultou aos homens sua humanidade e sua divindade afim de ser a estrada sublime pela qual remontássemos de novo Àquele que é o nosso princípio, exercendo a grande virtude da fé. Enquanto neste anguloso promontório da existência terrena os homens gemerem como exilados, caírem como combatentes, enquanto todos forem assaltados pelo erro, espicaçados pela dúvida, acossados pelo desengano, alquebrados pelo desespero, granizados pela dor, calcinados pela desgraça, estonteados pela doença; enquanto todos eles se debaterem impotentes chumbados aos grilhões da sorte e se contorcerem vasquejantes , estrangulados pela serpente do mal; enquanto esta frágil natureza humana for o que é, só a Eucaristia, Vida divina, Verdade absoluta, Amor increado será a solução para o espírito humano. Este forceja romper os muramentos terrenos e se expandir pelas regiões celestes para se entregar aos êxtases da verdade absoluta e precisa deste alimento celestes para ultrapassar as barreiras do tempo. Alívio para todas as amarguras, bálsamo para todas as asperezas da vida, fortaleza no meio de nossas lutas, luz celestial, farol esplendente que se levanta sobre os escolhos do mundo, arca salvadora no dilúvio de nossas lágrimas, por entre as penalidades do labor diário, a Eucaristia é o manancial em que encontraremos sempre o alento. Este Sacramento depura, espiritualiza, sobrenaturaliza, diviniza com o maravilhoso estímulo de suas eternas esperanças. Estas batem suas asas auríferas por sobre as desolações da morte e do infortúnio e varre os miasmas do erro, saneia as feridas do mal, ilumina as inteligências, virtualiza os corações, sublima a fé, sobredoura a esperança, constela a caridade e, vencendo os abismos tenebrosos rasgados pelas culpas, levanta o homem e o lança nos páramos da mais completa alegria. Desvalidos e sob o peso das vicissitudes do exílio, firmemo-nos nas rochas da fé, da esperança e do amor. Ergamos ufanos o rosto, pois um Deus assim nos amou, um Deus é nosso companheiro de desterro. Remontemos ao Sacrário, habitação do amor, voemos ao Coração amoroso do Mestre querido e aí Ele nos dará o ósculo da paz, o amplexo da ventura, o abraço da felicidade, porque Ele e somente Ele nos amou até o fim e peçamos a Ele: “Dai-nos sempre deste pão”! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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