quinta-feira, 24 de junho de 2010

O SOFRIMENTO NO MUNDO

O SOFRIMENTO NO MUNDO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O mundo atual, apesar de todo o progresso científico e tecnológico parece ter perdido o sentido último da História e da dignidade do ser racional. Nota-se por toda parte uma insensibilidade para com a miséria física e moral. Mundo de crimes hediondos como o assassinato de crianças inocentes no seio materno através do aborto; cidadãos vítimas do terrorismo nacional e internacional; chacinas desumanas; roubos alarmantes; desvio das verbas públicas; guerras intestinas em tantas regiões do globo; conflitos raciais são algumas das mazelas do contexto histórico em que vivemos. Além disto, aberrações proporcionadas pela ganância humana são outras fontes de calamidade social. Muitos, todavia, têm procurado, ao invés de lamentar a escuridão, acender a luz de ações oportunas que revertam o quadro sombrio deste contexto histórico. Na sua vivacidade e no seu egocentrismo o ser racional deturpa o sentido das coisas e dosfatos que o circundam, que o investem, que o tocam, que muitas vezes o abatem ou o arrebatam. Fica, então, muitas vezes insensível perante a violência que campeia por toda parte e, nem sempre, dá valor ao seu próprio sofrimento. A pedra que tomba na água e que produz visíveis círculos concêntricos na superfície do líquido e outros, invisíveis, na profundeza e no ar é bem o símbolo do processo desencadeado no cotidiano dos homens. A cada passo cada um de nós está marcado pelos transtornos pessoais, como está também recebendo influências múltiplas do que ocorre mundo afora. Cumpre, contudo, aquilatar o valor das provações e medir cada gesto, cada palavra, cada atitude para levar por toda parte, sobretudo nos momentos de turbulência, a contribuição para a paz por toda parte. Ao se contemplar os distúrbios na sociedade e a cruz pessoal de cada instante, não se pode esquecer a importância de Deus como destino do homem, este Deus que purifica através das amarguras da existência, mas que quer, outrossim, que cada um seja agente da ordem social. Deus que chama continuamente para a perfeição. O fracasso perante a cruz de cada hora traz terríveis conseqüências para o homem, refletindo isto inclusive em gestos que agridem a comunidade humana. É, porém, sempre possível o encontro feliz com o Ser Supremo indo até Jesus, o grande Mediador, neste espaço maravilhoso que é o planeta em que se vive. Significará isto para cada cristão o transformar espinhos em pérolas para a eternidade, contribuindo para melhorar o mundo dos homens e os homens no mundo, tudo metamorfoseado, deste modo, em momento beatífico com repercussões luminosas no tempo e na eternidade! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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