sexta-feira, 25 de junho de 2010

Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus

JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
No alto da Cruz no Calvário estava uma inscrição: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (Jo 19,19) Nos arquivos dos povos, nos arcanos das gentes, nos registros das nações, não se depara frase mais bela. Percorram-se as formosas expressões hieroglíficas. Perquiram-se os famosos ditos em caracteres cuneiformes. Vejam-se os lindos versos gregos ou romanos, gravados na pedra, no mármore, nos metais. Percorram-se as mais notáveis inscrições dos túmulos, famosos que sejam os heróis aí sepultados. Não se encontrará após tal pesquisa, título mais real e pulcro a sintetizar verdade grandiosa que compendia toda a história humana. Forjado embora na irrisão ele encerra a mais fúlgida das realidades. Os amigos de Jesus a retiraram, pois, aqueles a quem o remoque a inspirou poderiam vir destruí-la. A Cruz já era um trono. O império de Cristo iria se estender por toda a terra. O Centurião já proclamara sua divindade: “Este era verdadeiramente o Filho de Deus” (Mc 15,39). Deus, realmente reinou no do alto do madeiro, como canta a Liturgia da sexta-feira santa. Jesus Nazareno é rei. Dezenove séculos depois a magna verdade foi enunciada novamente pelo papa Pio XI. Este contemplou o fenômeno maravilhoso de um reinado na inteligência, na vontade e no coração do homem, por ser Jesus a própria verdade, a própria bondade e o oceano imenso de amor. Reinado a se espalhar por toda a sociedade, não só misticamente, silenciosamente no íntimo de cada alma humana, mas ainda visivelmente, de maneira pública, inspirando os governos, os chefes de Estado, informando as leis, dando seu espírito às artes, penetrando as universidades, as escolas, falando pela boca dos magistrados. Honras públicas de todas as nações. Rei da História, fato de novo proclamado por Pio XII. Este, profeticamente, mostrou a influência decisiva de Cristo a enfronhar um novo modo de vida que raiava, uma esperança fagueira para novos dias. Reinado de verdade e de vida, de santidade e graça, de justiça, de amor e de paz, como reza o prefácio da Missa de Cristo-Rei. O papa João Paulo II também exaltaria este Rei em inúmeros documentos e com uma profundidade admirável, ensinou: “O Reino de Deus não é um conceito, uma doutrina, um programa sujeito a livre elaboração, mas é, acima de tudo, uma Pessoa, que tem o nome e o rosto de Jesus de Nazaré, imagem do Deus invisível”( RM n.18). Esta realeza foi solenemente pregada no alto da Cruz: Jesus é Rei! Jesus de Nazaré é Rei dos Judeus. Ele é o primeiro dentre os de sua nobre raça, dentre os mais ilustres de seu ilustre povo, dentre os que se tornaram célebres na história de Israel. Ele mesmo proclamou sua supremacia sobre Abraão que anelava por ver o seu dia. Sua sabedoria e seu poder ofuscaram a Jacó, Moisés, Josué, Salomão. Profetas famosos preparam-Lhe a vinda. Ele é, de fato, Rei dos Judeus ante quem se curva todo o Antigo Testamento. Nós nos ufanamos por ter como nosso Chefe, nosso Rei um que pertenceu ao povo eleito, ao povo escolhido. Nosso Rei é Jesus, Rei dos judeus, Rei de todos os povos, por que Ele a todos resgatou. A famosa inscrição repercutiria nas quebradas da História como as primeiras clarinadas argênteas do grande triunfo de um Crucificado que é rei. Tornou-se ela um troféu, hino de louvor à realeza do Redentor. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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