quarta-feira, 23 de junho de 2010

A EUCARISTIA, A ARTE E OS SANTOS

A EUCARISTIA, A ARTE E OS SANTOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Eucaristia tocou o estro de artistas renomados, geniais. Cristo, beleza eterna encarnada, santidade omnímoda, verdade eterna foi o requinte inexcedível de entusiasmo criador para as belas artes. Um elemento fundamental na manifestação artística é a sensibilidade. Ora esta supõe ternura que é um componente do amor. Entretanto, a maior fineza do amor é morrer. Esta delicadeza extrema, porém, está envolta num halo de tristeza, pois quem a demonstra não pode repetir o gesto amoroso. E, não há dúvida, uma prova definitiva de afeição, mas é a derradeira. Impressionante, contudo, o que fez Jesus para multiplicar sua prova de amor aos homens . Ele os amava profundamente e, assim sendo, os amou até o fim ( Jo 13,1). Como na cruz terminaria este testemunho supremo de dileção, arquitetou a instituição da Eucaristia. Neste sacramento admirável Ele deparou um meio para morrer sem desaparecer, a fim de, ao morrer, poder manifestar sua imensa dileção por nós e, não desaparecendo, poder repetir a mesma morte, de tal forma que, se no Calvário Ele morreu uma vez, por meio da Eucaristia ele pode repetir a cada dia esta morte de amor. No Gólgota Ele ofereceu a Sua vida em reparação dos pecados da humanidade. Na Eucaristia Ele a oferece a todas as horas em todos os rincões do mundo.
Eis por que a Eucaristia se tornou uma atração irresistível para os grandes talentos artísticos. A terra se viu pontilhada de Templos magníficos para abrigar a Hóstia santa mostrando a arquitetura reverente ante o amor de Jesus eucarístico. Templos maravilhosos, de todos os estilos a fazerem o encanto de célebres cidades. Entre eles, por exemplo, as catedrais góticas da Idade Média, construídas ao longo de séculos, até hoje motivo de tanta admiração para quantos as visitam.
Nestas Igrejas, verdadeira Arcas da Aliança, a escultura, a pintura, a oratória, a poesia, a música, a ourivesaria convergiram seus esforços para exaltar o amor de Jesus. A Eucaristia deu ao templo o seu autêntico significado: lugar sagrado do encontro especial do homem com Deus. Eis, então por que este se tornou um ponto convergente das belas artes, ciosas em levar para o seu recinto todo fulgor para honrar o Deus presente entre os homens. Eucaristia a atrair, assim, para a terra as belezas da eternidade.
A Eucaristia. porém, não apenas tocou os corações dos artistas e faz o encanto dos olhos ante produções encantadoras.
Ela transformou a mentalidade, purificou os costumes, modelou os caracteres e plasmou grandes santos. Brilharam os fulgores das virtudes de grandes heróis do cristianismo, todos eles buscando no Sacramento dos altares a razão de ser de tanta perfeição.
O fogo do amor do Coração de Jesus Eucarístico sempre levou às raias de épicas conquistas espirituais.
Através da História da Igreja foi sempre a Eucaristia que, qual luz divina, guiou as almas pelo caminho da pureza, da abnegação, do devotamento ao próximo, conduzindo-as aos píncaros da santidade mais eminente.
A Hóstia Santa fez os vencedores das maldades do mundo, os apaixonados do bem, os videntes do belo, os eleitos de Deus, os filhos da pátria celeste, os imortais da eternidade.
A Eucaristia, de fato, transfigurou as consciências e movimentou a virtude em todas as suas mais fúlgidas manifestações.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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