quarta-feira, 23 de junho de 2010

ARREPENDIMENTO AGRADÁVEL A DEUS

ARREPENDIMENTO AGRADÁVEL A DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A razão, a fé e a história demonstram que Deus é infinitamente misericordioso e que ama sua misericórdia como a um de seus atributos mais preciosos. Ele espera com paciência e longanimidade aquele que se extravia do caminho do bem e da virtude. Busca com solicitude o que erra como o bom pastor vai ao encalço da ovelha perdida. Acolhe com benignidade paterna o que erra, como está na Parábola do Filho Pródigo. Jesus que veio para mostrar a ternura divina perdoou a Madalena, à Samaritana, a São Pedro. Grande é sua indulgência pela eficácia, uma vez que anistia todos os pecados do coração que se acha envergonhado de suas misérias. Ele reabilita, eleva de novo o que se dispõe a mudar de vida e a sair do abismo de suas iniqüidades. Não há pecador, por maior que seja, que não possa cobrir-se com a clemência infinita de Deus, desde que tenha se arrependido de suas faltas, submetendo-as ao Sacramento da Confissão, e tendo um propósito firme de se emendar. Ainda que, olhando para o passado, alguém depare com uma vida indesculpável e a consciência esteja sobressaltada e a vista nevoada, ninguém pode duvidar do perdão divino. Foi o que aconteceu com Davi. Ele asseverou: “Apaga, Senhor, a minha iniqüidade”, mas acrescentou: “O sacrifício digno de Deus é um espírito compungido; não desprezarás, ó Deus, um coração contrito e humilhado”. Estava arrependido, dado que suplicou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova nas minhas entranhas um espírito reto”. (Sl 50). Eis por que depois proclamou: “Suave é o Senhor para com todos e as suas misericórdias estendem-se sobre todas as suas obras” (Sl 144,9). Assim, quem se arrepende não deve querer continuar na trilha do pecado, pois Deus lhe abriu os olhos e o tirou da lama do vício. Como ao bom ladrão lá no Calvário, através de Jesus, Deus concede o dom de sua ternura, uma palavra de paz e de perdão a quem detesta os seus desacertos. Quem assim procede é feliz, pois “o que comete o pecado é inimigo de sua alma” (Tb 12,10). Diante do espetáculo da misericórdia divina, grande e multiforme, só resta ao homem andar por novos caminhos em busca de sua salvação eterna e de sua imperturbabilidade interior neste mundo. Por isto São Boaventura escreveu: “Ó alma, dirige o raio da contemplação a teu Deus e Senhor e considera quão amavelmente por meio de ocultas inspirações, Ele te chama para uma vida nova, com quanta doçura, mediante locuções interiores, te tira da culpa e te diz para voltar-te para Ele, porque é teu Criador, teu salvador, teu consolador, teu remunerador”. Cumpre, deste modo, volver os olhos lacrimosos ao Redentor do mundo e se entregar ao Deus das misericórdias que segue os passos de seus filhos nesta terra. Jesus é o Redentor que subiu ao Gólgota e foi cravado na cruz pelos pecados dos homens. Chama a todos sem exceção com voz amorosa e carinhosa para lhes ofertar suas graças e benesses espirituais. Está sempre de braços abertos para receber os que se penitenciam de suas fraquezas. Ânimo e coragem tudo isto deve inspirar a todos para, um dia, lá na casa do Pai proclamar as maravilhas de sua clemência.
*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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