segunda-feira, 12 de abril de 2010

RENOVAÇÃO DO CULTO MARIANO

RENOVAÇÃO DO CULTO MARIANO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Com muita razão o movimento carismático católico chamou a atenção para Maria dentro da oração feita na união ainda mais íntima com o Espírito Santo.
As reuniões programadas como tempo forte de prece tratam da conversão radical ao Senhor Jesus, mas firmando, sob o influxo do Espírito o princípio da necessidade do louvor a Maria como o fez Isabel.
Na comunhão com ela se aprende a rezar com a entrega semelhante a que ela teve diante do Arcanjo Gabriel na Encarnação, na alegria do Magnificat, na humildade confiante que manifestou em tudo, jamais exigindo, mas sempre esperando, nunca, como muitos fazem, enquadrando Deus nos seus moldes humanos, tão estreitos e até, tantas vezes, mesquinhos, limitados porque pessoais, individualistas.
Maria a ensinar a adaptação do ser racional ao Ser Supremo na sinceridade de um coração bom e submisso, maleável como a cera, humildemente dócil Àquele que é a Sabedoria Eterna.
Aí o motivo pelo qual o terço, o rosário, estão hoje tão valorizados nos diversos grupos cristãos de oração.
O Espírito Santo vai levando cada um a aprofundar os mistérios de Cristo meditados rotativamente numa proveitosa espontaneidade de reflexões pessoais, aptas à imersão na obra soteriológica do Filho Deus e extraordinariamente adequadas à vivência total do mistério pascal.
Adite-se que na Liturgia renovada deparamos com Maria como Mãe, Tipo de Modelo da Igreja conforme bem a situou o Vaticano II.
Esta dimensão eclesial renovou inteiramente o relacionamento pessoal dos fiéis com esta Mãe Santíssima, exemplar de todos as virtudes.
Com efeito, chamou a atenção sobre este fato fundamental: a oração supõe ação. Ação sem oração seria despenhar-se na heresia das obras. Oração sem ação seria cair no comodismo, na inação, na inércia. Não bastam cânticos e louvores, mas há imperiosa necessidade de ser, como Maria, identificado com Cristo e levar Jesus por toda parte.
Ela assim agiu dando uma primazia às relações de fé e de adesão à vontade divina. Desta forma seu devoto se torna um apóstolo vibrante do divino Ressuscitado.
Cumpre de fato ter um coração novo, capacitado pelo Espírito Santo para ofertar a Deus um sim total da aceitação dos desígnios celestes e da fé que exige uma vida de abnegação, de renúncia, de denúncia de tudo aquilo que o mundo tem de perverso, de maldade, de opressão, de violência, de injustiça, de compactuação com o mal, de anti-evangélico, de satânico.
A presença do devoto de Maria deve corresponder, então, ao imperativo de se promover a irrupção do reino de Deus no mundo.
À atitude de louvor se acrescenta a acolhida de Maria como Mãe e Mestra, como Lição e Modelo, nesta abertura completa para as realidades escatológicas, ou seja, para tudo quanto há de ocorrer nos fins dos tempos, culminando com a união de todos os eleitos com ela na felicidade perene da glória sem fim.
Eis aí o alvo de uma vida plenamente mariforme.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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