segunda-feira, 8 de março de 2010

SERVIÇO E SANTIDADE

SERVIÇO E SANTIDADE
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Quando Jesus afirmou que Ele veio não para ser servido, mas para servir (Mt 20,28), estava mostrando o liame profundo entre o serviço e santidade de vida. O serviço entendido no seu sentido mais amplo e abrangente, ou seja, exercício de cargos ou funções obrigatórias, desempenho de qualquer trabalho, o culto devido a Deus através da oração, as preces contínuas para que a vontade divina seja sempre observada, enfim, tudo que se faz no dia a dia. Com efeito, quem tem a intenção de tudo realizar para a maior glória do Ser Supremo transforma os menores atos numa ocupação a favor do bem. Elisabete Leseur bem expressou esta realidade: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Portanto, há uma relação íntima entre o serviço assim conceituado e a santidade existencial. A santidade é um fogo irradiador que procura purificar tudo que está contaminado com o mal e irradia felicidade, uma vez que sua fonte é o Deus três vezes santo, manancial de toda beatitude. Eis porque não se pode dissociar santidade e serviço. Jesus, o Filho Santo de Deus, esteve durante toda sua vida empenhado na salvação da humanidade. Lemos nos Atos dos Apóstolos: que Ele passou fazendo o bem, porque Deus estava com Ele (Atos 10, 38). É que a santidade é essencial para o serviço. Se tudo que o cristão faz deve se transformar numa alegria e numa força para ele, é preciso para isto que ele seja santo. A vontade de Deus deve primeiramente viver nele. É a união com a Trindade que habita no íntimo do coração que dá alento para qualquer ação. As obras mais insignificantes e, sobretudo, o esplendor da adoração de Deus se torna a realização plena de uma missão a ser exercida neste mundo, seja qual for a vocação de cada um. Tudo isto flui da vida interior e da comunhão de fé com o Criador, o que acontecia com Jesus que podia dizer: “Eu e o Pai somos um”. Cumpre, de fato, para imitar a Cristo que veio para servir que o batizado esteja inteiramente nas mãos de Deus, tudo fazendo como Ele quer, porque Ele quer, deixando sua vontade santíssima reinar em tudo. O Espírito Santo passa a governar tudo que se transforma num maravilhoso serviço a Deus e ao próximo. Por outro lado, o orar e o agir são essenciais para a verdadeira santidade. Com efeito, qualquer atividade humana exige sacrifício e só um grande amor é capaz de transformar os esforços humanos em pérolas para a eternidade. Amor que vivifica, que salva e que atrai as bênçãos divinas para si e para o mundo todo. Portanto, o segredo de toda vida cristã é estar inteiramente envolta num serviço pleno de louvor a Deus e ajuda ao próximo nas mais humildes tarefas de cada instante. Para esta atitude não há limites, pois “a medida do amor é o amor sem medida”. Se existe limite é só o da limitação das forças humanas. O amor tende a servir e dar a vida a Deus e aos outros, isto é, o que a pessoa tem, o que pensa, o que faz. São Paulo dizia que ele se fez tudo para todos para a todos salvar, ele que vivia unido profundamente a Jesus: “Não sou eu que vive, é Cristo que vive em mim”. O Apóstolo usou uma expressão que merece atenção: tudo, ou seja, todas as forças, todos os dons, toda capacidade, todo o tempo para glorificar a Deus e tentar ajudar o próximo no que tange as coisas temporais e, sobretudo, a sua salvação eterna. Desta maneira o cristão está possuído pelas coisas do alto, porque todos os seus atos estão consagrados a uma causa superior. Sua vida fica plena de sentido. Tal é o duplo apelo divino: se quereis trabalhar, sede santos; se quereis ser santos entregai-vos a Deus e ao serviço dos outros. Pensar em Deus e no próximo é a raiz da verdadeira santidade. Jesus mesmo explicou o que ele quis dizer ao afirmar: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”, quando asseverou na Sua oração ao Pai: “Por eles eu me santifico a mim mesmo, para que eles sejam também santificados na verdade! (Jo 17, 19). Exaltando-nos e elevando-nos Cristo confere a cada ato humano uma medida e um peso eternos! Tudo, portanto, para glória de Deus e bem das almas!* Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário