AMAR COM ATOS E EM VERDADE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O amor cristão é uma dileção prática que se traduza em atos e na sinceridade do comportamento, na lealdade, de condutas eficazes, concretas. É esta obrigação principal do cristianismo. A caridade fraterna é sempre o sinal certo e supremo de que se passou da morte para a vida, das trevas para a luz, do erro para a verdade de que se tornou realmente filho de Deus e de que há uma união efetiva, afetiva, profunda com o divino Mestre. Eis por que São João, que entendeu magistralmente as palavras do Salvador, solenemente proclamou numa séria advertência: “Quem não ama permanece na morte” (1 Jo 3,14). A adesão a Jesus Cristo revela-se na imolação que se devota ao próximo. A dimensão desta dileção é sem limites por ser grande como o coração do Filho de Deus, abarcando toda a sociedade. O grande apelo do Evangelho é que firmemos um novo modo pacífico de ver, de viver, de conviver. Trata-se de formar uma mentalidade, realmente cristã, de tal maneira que multidões, à luz da doutrina de Jesus, possam de fato promover o bem comum, proporcionando a ventura de todo o gênero humano. A verdade é que por toda a parte pululam sentimentos de hostilidade, desprezo, desconfiança, ódios raciais e horrípilas ideologias, obstinadas em dividir os homens em campos opostos, promovendo inglórias lutas de classes, afetando morbosamente a genuína sociabilidade. Cumpre, então, que se esteja sempre atento para que não se absorva tal maneira de ser. É preciso uma persistente, contínua, reeducação da estrutura mental e uma corajosa ação frente àqueles que manipulam a opinião pública. Poluídas as consciências por toda a espécie de violência, a reação impõe a formação e irradiação de sentimentos de bondade e benignidade. Transformação dos corações para possibilitar a ingente tarefa de um impulso vigoroso, decisivo, rumo à humanização desta terra. Não podemos nos deixar ludibriar pelas falsas imagens projetadas por aqueles que visam dominar, oprimir, mantendo condições sociais, econômicas e psicológicas inteiramente adversas a uma organização humana e justa. Apesar dos frutos de extraordinário e louvável progresso científico e tecnológico, a situação atual da humanidade exige uma tomada de posição firme e enérgica da parte dos discípulos de Cristo para que a angústia que se apossa de tantos espíritos desencantados com uma cultura, que não lhes respondeu às aspirações mais profundas, seja sanada por fundamentadas expectativas e fúlgidas esperanças. Por entre a bruma da insensibilidade e das misérias do pauperismo, do caos instalado pelo afastamento das leis divinas, do báratro ocasionado pela ambição, perpassa o raio de luz da doutrina do Mestre: “Amai-vos uns aos outros”. Eis aí a solução para obviar as desigualdades econômicas, o autoritarismo, o desprezo dos deserdados. Antídoto poderoso à inveja, à soberba, a todas as paixões egoístas. Remédio salutar para todas as rivalidades e atos de violência. Mais do que nunca, o espírito de pobreza e de autêntica caridade deve ser a glória, o testemunho da Igreja de Cristo, alicerçando a genuína luta pelos direitos humanos, fundamentando a pugna a favor dos excluídos.
Na prática quotidiana, isto se traduz no serviço e auxílio eficazes ao próximo, aliviando-lhe, na medida das possibilidades individuais, todos os seus males.
Ação conjugada das associações beneficentes, visando dulcificar os sofrimentos de tantos irmãos que padecem carências de toda a sorte, vivendo a marginalidade nas condições mais humilhantes. Exercício previdente e ordenado da atividade social e caritativa que tantos desconfortos obvia e sana. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
segunda-feira, 8 de março de 2010
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