RECURSOS CONTRA A DOMINAÇÃO CULTURAL
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Um senso crítico apurado e culto dos valores poderão neutralizar a dominação cultural estabelecida por certos formadores da opinião pública a serviço da descrença e da falta de étca. A moral é agredida quando há escravidão, injustiça, mistificação, corrupção, imoralidade, desprezado dos mandamentos sagrados da Lei divina. A ideologia do capitalismo liberal, os mecanismos do soberano poder dos poderosos, submetendo aos interesses deles multidões que vivem dramaticamente as conseqüências funestas do consumismo estabelece uma nova escravidão. Se a tática é, maquiavelicamene, criar necessidades, o recurso é, então cada um se premunir e não se deixar levar na onda das ofertas de uma sociedade de consumo e denunciar o que é abertamente contra a lei de Deus, contra a doutrina que Jesus veio trazer ao mundo. As dimensões do problema são alarmantes, pois o imperialismo cultural envolve não só a existência de nações ricas e outras pobres, mas também atinge, por isto mesmo, o cotidiano, o vazio daqueles que possuem menos, impingindo-lhes padrões de vida anticristãos que contrariam a sabedoria infinita de Deus. Que fazer então? Quais os meios que devem ser contrapostos ao desamor dos donos do poder? Como construir uma sociedade mais humana e justa de acordo com os desígnios de Cristo, pautada pelo seu preceito de amor? Há, de fato, recursos para vencer as estratégias anticristãs que afetam as estruturas político-social-econômicas? Sim, por que se a dominação cultural que contraria o amor pregado um dia por Cristo no Cenáculo visa deturpar e encobrir desigualdades reais ou aumentá-las, criando necessidade fictícias, impondo-as às classes subalternas; se o alvo é resolver os problemas com soluções imaginárias; se o fito é obstar que as classes dominadas elaborem seus próprios projetos e sejam, deste modo, reduzidas ao silêncio e, assim, haja sempre sociedades periféricas; se o resultado visível de tudo isto é o pauperismo reinante, isto significa que há todo um potencial latente neste processo, pois os grandes vivem às custas dos pequenos, os ricos exploram os pobres. Ora, isto significa que as mensagens trazem no seu bojo um caráter popular e os meios de comunicação se tornam implicitamente um lugar de socialização, de democratização no qual é possível infiltrar valores evangélicos, desmontando o que há de pernicioso nas mensagens. Aí está um alvo estratégico das classes dominadas, um ponto a ser explorado pelas classes subalternas. Não é tarefa fácil, pois cumpre uma mobilização que vença desafios. É que a dominação cultural deve caminhar de mãos dadas com a luta contra a dominação social. Trata-se de minar pela base o domínio econômico, desarticulando seu instrumento fundamental: os meios de comunicação social mal direcionados. Idéias se combatem com idéias. Que significa isto na prática? Todos a fazerem um sério exame, uma auto-análise, ao sair para as compras. Verificar se não há uma indução da propaganda. A pergunta a ser feita é esta: será que tal produto é realmente necessário? Em segundo lugar, é preciso se denuncie tudo que vai contra a Lei de Deus, seja qual for o mandamento agredido. O verdadeiro discípulo de Cristo tem a necessária coragem, inclusive, de desligar a televisão quando o programa é imoral. Além disto, é necessário não se adquirir o supérfluo ou o que é prejudicial à saúde. Os jovens devem ter consciência de que são tantas vezes manipulados. Ao invés de serem livres, como muitos proclamam, são escravos das drogas, da bebida, do cigarro, do próprio sexo e, assim, não gozam a beleza do verdadeiro amor. Saturados com os prazeres sexuais, se tornam vítimas gradativamente da maconha, da cocaína, da heroina até perderem o dom da vida. Daí a necessidade da denúncia dos infames traficantes que só visam também um enriquecimento ilícito. No período de campanha eleitoral que haja um compromisso com Cristo de votar apenas em candidatos que garantam um trabalho a favor dos mais necessitados e não a favor de seus próprios interesses. Cumpre ainda uma boa formação filosófica ministrada nos Colégios e nas Universidades objetivando apurar o potencial crítico do ser racional. O impacto do imperialismo cultural dos países capitalistas e das classes ricas, somente assim, poderá ser enfraquecido. Entender-se-á também que não há populações inferiores só por não se identificarem com os padrões ditos civilizados dos países do primeiro mundo. Deste modo se estará caminhando para um novo conceito de desenvolvimento que não seja a mera prática de idéias ilusórias transmitidas pelo capitalismo internacional as quais reforçam a dependência. Haverá a consciência de que há uma indústria sexual diabólica que enriquece multinacionais do crime. Somente, deste modo,se dirá que, com toda a verdade, somos cristãos e que praticamos o Mandamento Novo, porque não estamos de acordo com a corrupção, com a imoralidade, com tudo que se contrapõe ao Evangelho. As forças do bem são ontologicamente mais fortes que as do mal. Estas forças bem dirigidas mudarão a fisionomia do mundo ao diapasão do amor pregado por Jesus. Somos todos responsáveis pela transformação da sociedade. Enquanto, porém, o cristão compactuar com a mentalidade materialista reinante ele não apenas trai o Evangelho como contribui para piorar a situação mundial.. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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