sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A manifestação do Senhor

A MANIFESTAÇÃO DO SENHOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Abraão, o Pai dos que acreditam em Deus, deixou seu país e a casa de seus pais para ir a um lugar que ele não conhecia, deixando-se guiar inteiramente pelo Ser Supremo. De Abraão nasce um povo que, depois de muitas peripécias, se estabeleceu na Palestina, tendo Jerusalém como capital. Aí este povo habitou após cada um de seus exílios. Isaías proclama que Jerusalém seria um ponto de atração para as nações. Nesta profecia os judeus viam o anúncio de uma nova era para Jerusalém que a tornaria tão famosa e tão gloriosa que todos os povos a viriam visitar. Ora, quando esta profecia se realiza não são monarcas importantes que se apresentam naquela Capital, mas magos, astrônomos, pessoas simples ainda que tragam presentes de sumo valor. O Rei dos Judeus nasceu e nem os sábios, nem os chefes religiosos de Israel dão dele notícia, nem Herodes que traz o título de rei da Judéia. A grande alegria do nascimento de um salvador foi anunciado por anjos, inicialmente, a humildes pastores na montanha. Para os magos seria diferente. Embora ainda neste início de milênio estejam os experts estudando os planetas, as estrelas e mesmo as galáxias eram sábios que se deixavam guiar pelas estrelas. Não eram, porém, ingênuos, infantis, entregues a uma forma condenável de astrologia. Eram, antes de tudo e sobretudo, sábios que tinham a convicção de que toda a natureza é obra de um Criador, de um Ser Infinito, de um Ser Necessário que se revela nas maravilhas por Ele criadas, as quais contêm mensagens de Sua sabedoria. A estrela que conduziu os Magos até Jerusalém, desapareceu quando eles se informavam com persistência junto dos habitantes daquela cidade. A resposta que recebem era verídica: o Menino nascera em Belém. Entretanto, a solicitação de Herodes para que viessem depois confirmar este fato não passava de uma armadilha diabólica. A perseverança dos Magos foi logo recompensada, dado que tão logo se põem a caminho a estrela ressurge diante deles e os conduz até Jesus e O encontram com Maria sua mãe ( Mt 2, 11).. Este detalhe é de suma importância e, mais tarde, São Bernardo, no século XII, cunharia o célebre lema: Ad Jesum per Mariam – A Jesus por meio de Maria, a Estrela Matutina que leva até seu Filho, o único Redentor dos homens. Os Magos se prostaram e adoraram Jesus, como os pastores sua noite do Natal. Jerusalém ficara em reboliço, agitada, inquieta com o que os Magos lá haviam falado. Muitos, de fato, aguardavam o Messias prometido. Este, contudo, não nasceria na famosa Capital de sua nação, mas num vilarejo, em Belém. A trajetória humana do Salvador estaria marcada por Jerusalém, mas lá ele consumiria seu sacrifício pela libertação da estirpe da qual tomara a natureza. Embora Belém fosse um lugar privilegiado por O ter visto nascer e onde ele se manifestaria aos gentios, seria, contudo, Nazaré que entraria na Sua história e Ele seria conhecido como Jesus de Nazaré. Todos estes pormenores são ricos de simbolismo e deixam lições preciosas. É preciso sempre interpretar os fatos históricos. Quantas estrelas brilham diante dos homens, mas muitos são cegos e não percebem os recados divinos. São as estrelas das inspirações celestes, dos bens recebidos de Deus, até mesmo as estrelas do sofrimento que é uma escola de santidade. Cumpre como os Magos ter coragem para nunca desanimar, mesmo sem saber até onde Deus nos quer conduzir. A procura espiritual dos caminhos divinos envolve, por vezes, o fiel numa certa obscuridade, mas é preciso confiar no Senhor Onipotente. Como os Magos é preciso encontrar novas veredas, para não se cair nas ciladas do Maligno. O cristão precisa viver numa conversão contínua. É preciso, também, oferecer a Jesus não apenas o ouro do amor, mas, outrossim, o incenso de preces sinceras, a mirra de uma mortificação contínua sem apego nenhum á cidade terrena, mas buscando continuamente a Jerusalém do Alto. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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