sábado, 12 de dezembro de 2009

MARAVILHADO PELO MISTÉRIO DE DEUS

MARAVILHADO PELO MISTÉRIO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
João Batista, testemunha de Cristo, estava imerso no significado da missão messiânica do Filho de Deus. Daí suas inflamadas palavras: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias! (Lc 3,16). Com notável humildade, mas com impressionante lucidez, acrescentou: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”, reconhecendo a superioridade daquele cujo caminho ele admiravelmente preparava, pregando um batismo de penitência. Neste início de milênio, o Precursor deve ser para nós o modelo do depoente do Redentor perante a sociedade. Esta deve escutar nossos clamores de fé e de amor para com Aquele que veio para nos salvar e cumular com todas as graças divinas. Se indagarmos de João Batista o que devemos fazer, ele nos apresentará a mesma resposta que deu a seus interlocutores, ou seja, a compaixão para com o próximo, se desfazendo cada um do supérfluo que possua; a honestidade completa nos negócios; a ausência de toda e qualquer agressão; o contentamento com o que se tem, não se desejando tesouros terrenos. Cumpre ter, de fato, a verdadeira imagem de Cristo que veio para purificar, santificar, enlevar, sobrenaturalizar as consciências. Ele, oceano de misericórdia, mas que não poderá jamais passar recibo nos erros humanos cometidos com perversidade e sem arrependimento, palha que Ele queimará no fogo. A missão sublime do cristão, batizado no Espírito Santo, é anunciar por toda parte que Jesus é o Salvador, a única esperança por entre as dificuldades da trajetória terrena. Ele é verdadeiramente o Filho de Deus, o Verbo que com o Pai e o Espírito é a Trindade Santa. É mister uma identificação total com Aquele que veio para ser o caminho rumo a uma eternidade venturosa. A aproximação do Natal é uma oportunidade para que se revejam nossos conceitos sobre aquele Menino que nasce numa manjedoura e que deve ser o referencial da existência de seu seguidor. Diante de tudo que acontece num mundo materializado, afastado das realidades celestes, quando Deus parece silencioso, ausente, necessário se faz, mais do que nunca, confessar que Jesus é o libertador de todos os males que está sempre junto dos oprimidos, dos sofredores, dos excluídos, pronto a vir ao encontro das dificuldades de quem realmente O ama. Como João Batista cada batizado precisa ser alguém que possui um olhar profundo, contemplativo, capaz de ver o Senhor com os olhos iluminados de um coração sincero. Cumpre extirpar uma sabedoria meramente humana para se deixar conduzir pelo Espírito de Jesus até o coração do Deus misericordioso. Ele quer estar próximo de todas as feridas humanas do corpo e da alma, de tudo que desfigura a imagem de Deus no ser humano não para julgar, não para simplesmente desculpar, mas para extrair tudo que é escravidão dos vícios e desvios éticos, para restaurar a dignidade do ser pensante e a beleza de quem foi criado á imagem e semelhança de seu Criador. Eis aí o sentido profundo do testemunho de João Batista sobre Jesus, que é aquele que batiza no Espírito Santo. Isto quer dizer que, por maiores que sejam os desvios, as anormalidades, Cristo é capaz de recriar o interior de cada um e de comunicar seu Espírito que possibilita, em qualquer situação, dizer ao Ser Supremo: “Meu Pai, eu confio em vós, porque Jesus me salvou”! Ele que pode, não obstante as fraquezas e limitações humanas, fazer com que se ame os irmãos com o mesmo amor com que ele nos amou. É deste modo que se anuncia, como João Batista, a maravilhosa missão do Verbo Encarnado, com um otimismo esclarecido longe de qualquer visão deletéria, mas com um olhar lúcido, repleto de esperanças. É assim que o cristão descobre que nas sombras do mundo, com seus horrores e atrocidades, há muita luz, muita bondade, porque o amor de Deus triunfa em milhares de corações. Esta tarefa do batizado não é fácil. Supõe uma revisão interior que o livre do mal, numa vida humilde na esteira de tudo que João Batista pregou e viveu. Ser como ele testemunha é consentir a ser unicamente um gesto que mostre Jesus, uma voz, um clamor que anuncie a proximidade do Senhor longe do consumismo deletério afastado todo egoísmo pessoal, para que unicamente Jesus seja focalizado em plenitude nestes dias de preparação natalina. Neste contexto histórico no qual prevalece a sedução mundana, o desejo satânico de tudo possuir, a ilusão das mais pervertidas insinuações malévolas dos meios de comunicação social, feliz quem for o verdadeiro amigo de Jesus, fazendo-O conhecido e amado! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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