sábado, 12 de dezembro de 2009

JESUS, O MESSIAS DE DEUS

JESUS, O MESSIAS DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Aos discípulos de João Batista que foram enviados pelo Precursor para saber do próprio Jesus se ele era o Messias prometido, Cristo após realizar milagres estupendos, respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes. Suas obras estupendas confirmavam ser ele o esperado das nações. Alertou, porém, Jesus:“ Feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim” (Lc 7, 23). Trata-se de uma afirmativa importante para a vida espiritual de seus seguidores. Através do Verbo Encarnado Deus se manifesta, Deus sai de seu silêncio e se mostra na história de uma maneira teândrica. O povo de Israel tinha do Messias, uma visão diferente daquela que se revelaria na existência do meigo Rabi da Galiléia. Eles esperavam um Messias poderoso a instalar um reino terrestre que libertasse o povo judeu do poder imperial romano, colocando um ponto final na dominação de outros povos. No entanto, o que se via era um ex-carpinteiro, pregador ambulante e que afirmava estar a Boa Nova sendo anunciada aos pobres, aos humildes. Um estranho Messias, portanto, longe da concepção dos doutores judeus. Tratava-se de um servidor que curava as enfermidades dos homens, médico divino do corpo e da alma. Ele patenteava sua identidade, dando vista aos cegos, fazendo os paralíticos andarem e os surdos ouvirem, purificando os leprosos, ressuscitando mortos. Tudo isto tão surpreendente que até João Batista na sua prisão foi tomado de dúvida. O retrato falado do Messias tem, porém, como pano de fundo sua grandeza de vida, toda voltada para as necessidades dos que sofriam. A identidade de Deus está, de fato, na grandeza plena de seu incomensurável amor. Este Deus que não se impõe, mas se propõe dentro de seus planos admiráveis. Por isto, haveria os que se escandalizariam por causa de Jesus, o que ocorreria através dos tempos, pois muitos quereriam sempre um Messias adaptado às suas impertinências e às exigências terrenas. Surgiriam, contudo, aqueles que O escutariam, o compreenderiam e acolheriam sua verdade que liberta, almas generosas que dele fariam o centro único de suas vidas, amando-o e agindo em conseqüência. O reino dele não seria deste mundo, mas não seria um reino irreal de utopia, mas um reino espiritual de conversão e de santidade bem simbolizado na passagem da doença para a saúde, da morte para a vida como Ele estava realizando para os que a Ele acorriam em busca de consolo, saúde e paz. Na vida, entretanto, mesmo daqueles que O acatariam como o Messias de Deus, quantas vezes se instalaria a dúvida, como ocorreu com João Batista, mas seus verdadeiros seguidores ficariam fiéis até o fim a repetir as palavras de São Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós. Tu tendes as palavras da vida eterna” (Jo 6,68). O cristão haveria de perceber que seus esforços seriam sempre acompanhados de decepções, dubiedades, porque somente Deus é perfeito. Cumpriria, entretanto, vencer os abatimentos ante a impossibilidade de um ideal supremo de perfeição jamais conseguido nesta terra. Tal a sina de todo ser humano a ter que repetir com o salmista: “Senhor, se observardes nossas faltas, quem poderá subsistir?” (Sl 129,3) Jesus, o Messias de Deus veio, porém, mostrar o valor da generosidade, da boa vontade e dos empenhos pacientes, constantes, cotidianos. O projeto de amor de Deus revelado em Jesus, o Messias, é que iluminaria então a incomensurável fraqueza pessoal de cada um, não permitindo jamais qualquer desânimo, porque Cristo estaria sempre pronto a curar, a amparar. O que nele firmemente cresse, dele não se escandalizaria nunca, penetrando progressivamente em seu mistério, identificando-se cada vez mais intimamente com sua pessoa. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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