FINIS CORONAT OPUS

Finis coronat opus

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Palavras de agradecimento aos concluintes do Curso de Bachalerado em Filosofia da Faculdade Arquidiocesana de Mariana “Dom Luciano Mendes de Almeida” por ocasião de sua Formatura, dia 13 de dezembro de 2009.

Na alheta dos latinos este pensamento calha bem neste instante no que tange o professor homenageado e os ilustres alunos.
No final de uma longa carreira magisterial iniciada em 1960, sendo 40 anos no glorioso Seminário São José de Mariana, e, especificamente, 11 anos na Faculdade Arquidiocesana de Mariana “D. Luciano Mendes de Almeida”, ser assim honrado como Patrono desta formatura é fechar com chave de ouro esta trajetória.
Com efeito, dentre tantas turmas que encantaram o professor pela sua dedicação aos estudos, pelo enriquecimento das aulas com questões pertinentes e profundas e com trabalhos acadêmicos do mais alto nível, esta que hoje aqui está foi um studiorum cursus primus inter pares.
Um professor, de fato, só se realiza se os alunos o enriquecerem também com seu talento e foi o que aconteceu sobretudo com este grupo que fez dos momentos sagrados da troca de ideais na sala de aulas uma ocasião de desenvolvimento mútuo pelos novos ângulos apresentados sobre o tema em tela, inclusive inspirando artigos filosóficos e teológicos ao professor admirado com tanta argúcia de seus epígonos. Platão na sua Academia, Aristóteles no seu Liceu, Epicuro nos seus jardins ou Pitágoras em Crotona na Itália não tiveram, por certo, a ventura de ter discípulos tão amantes da sabedoria e isto aqui se atesta in fide sacerdotis et magistri.
Acrescente-se, porém, que cumpre que vocês lembrem sempre que o Logos do qual falou tão belamente São Justino desceu a este mundo numa maravilhosa katábase, mas retornou para junto do Pai numa sublime anábase, donde em idêntica direção cumpre a todos o Itinerarium Mentis ad Deum de São Boaventura para, um dia, se possa imergir na iluminação divina de que tratou Grosseteste com tanta precisão com a sua metafísica da luz. Deste modo, todas as aporias são afastadas e se chega a uma aponia e a uma apatia profundamente cristãs na linha de Clemente de Alexandria sem nenhuma atitude meramente estóica.

Adite-se, porém, que para os estimados alunos hoje é o fim de uma etapa e início agora de mais uma caminhada nas veredas do Curso de Teologia.
Como mensagem final neste curto espaço de tempo reservado pelo ritual wilhiano desta cerimônia só resta ao Patrono desejar a todos que vivam intensamente todas as outras verdades refletidas durante o Curso, sobretudo, como mostrou Santo Tomás de Aquino, que Deus é Ser Necessário, nós seres contingentes ou, na linguagem de Duns Scoto Deus Infinito e nós criaturas finitas. Disto resultará, o que tantas vezes foi inculcado como essencial ao ser humano, a imperturbabilidade, a tranqüilidade, a serenidade, a eutimia bem na linha agostiniana: “Senhor, nosso espírito está inquieto até que repouse em vós”. Para isto é preciso colocar em prática o que foi visto no De consolatione philosophiae de Boécio para quem também a procura da sabedoria e do amor de Deus são considerados como a verdadeira fonte da felicidade humana

O Ens a Se, Ser Supremo, o Ipsum esse subsistens, no qual, como vimos tantas vezes, a essência se confunde com a existência, Ego sum qui sum”, como ele mesmo se revelou a Moisés, os ilumine sempre.

Semper ad majora ad gloriam Dei et bonum animarum é o voto de quem muito também os estima e agradece.