DIFERENÇA ENTRE ENSINAR E EDUCAR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Dois termos revelam uma distinção fundamental: instrutor, mero transmissor de conhecimentos, e professor que é um mestre, mestre neste sentido de formador de cidadãos dignos de uma sociedade na qual prevalece a civilidade e a ordem.
O instrutor só se preocupa com a área intelectiva e em receber o salário no fim do mês. O professor oferece uma educação integral que abrange todo o ser humano. Tarefa sublime a do mestre que fortifica seus alunos para as lutas da existência. Arranca-os das trevas intelectuais, mas também os previne contra as seduções dos desvios morais. Compõe o caráter de seus epígonos e os conduz com exemplos fulgurantes à prática das virtudes e à aversão de todos os vícios. Habitua seus discípulos ao espírito da disciplina, da ordem, de tal forma que estes possuem finura de trato e não se entregam a gritos, brados e berros irritantes. Estimula o amor ao próximo, respeitando seus direitos e mostra sempre o caminho régio da observância do dever, da compostura, da dignidade. O mestre empreende a cruzada acentuadamente civilizadora, a obra por excelência humana da tranqüilidade, da serenidade, da felicidade comum. O mestre realiza o mais nobre, o mais transcendental benefício que pode realizar–se sobre a terra. O instrutor se preocupa com encher o seu tempo na sala de aula transpondo um programa e confunde alegria com algazarra, euforia com alarido. É um distribuidor de conhecimentos, mas não forma caracteres que levam à honra pessoal e ao progresso comunitário. O mestre forma pessoas ajustadas à convivência humana, ao respeito aos demais indivíduos, enquanto o instrutor é fautor de egoísmo, de indisciplina, de celeuma. O instrutor coloca o dinheiro no centro de seus interesses, o mestre estabelece o aluno como referencial principal de sua atuação, atendendo as necessidades do adolescente no qual contempla um microcosmos a ser enriquecido com carinho, um diamante a ser lapidado com talento e amor. Há escolas que se tornaram indústrias de ensino e não casas de formação. O instrutor é um distribuidor de conteúdo, o mestre é um educador abalizado. O mestre prepara seus alunos para a vida, plenos de responsabilidade; instrutor gera auto-suficientes, cheios de empáfia, desordeiros, baderneiros. O instrutor é um profissional por vezes mercenário, o mestre é uma luz que ilumina, não exerce uma profissão, mas vive uma vocação. O instrutor tenta formar sábios, mas o mestre constrói um mundo no qual o valor faz a grande diferença, pois abre horizontes, repleta os corações de esperanças.
O instrutor é um funcionário de uma Escola, o mestre é um farol. A tarefa educativa é árdua, supõe imolação, mas não está fora do alcance dos que, com atitudes simples e naturais, se entregam a tão nobre missão. Diz a Bíblia: "Ensina ao jovem o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar" (Pv 22,6).
Professores que saibam educar, inclusive fazendo respeitar as mínimas regras da civilidade, eis a solução para as crises hodiernas.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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