AMOR SOCIAL
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Em nossos dias o conceito de amor social está inteiramente olvidado por parte de certas Escolas.
Não se trata aqui desta importante problemática sob o ângulo bíblico, teológico, pois ser humano é por natureza um ser social.
A sociabilidade, entretanto, precisa ser cultivada.
Maneiras de quem vive em sociedade, não como os animais irracionais, devem ser ensinadas pelos pais e professores.
Tais atitudes se traduzem em mostrar imediatamente afabilidade e consideração pelo todo comunitário num respeito total, completo, dos direitos dos outros que não podem ser egoisticamente violados.
O amor social impõe deveres que são fundamentais para pessoas civilizadas. Ele é a alma da ordem na sociedade. No nível valorativo o bem comum precede o do indivíduo. Se crianças, adolescentes ou jovens se acham no direito de gritarem, incomodando os outros, estão agindo erroneamente, pois agridem a tranqüilidade do próximo para extravasarem no grito suas frustrações interiores.
O amor social, com efeito, é a firme disposição do pensamento e do agir que nasce da preocupação com a comunidade como um todo, ou seja, com o bem dela.
O objeto e a razão imediata da obrigatoriedade do amor social são, por conseqüência, o bem da comunidade não o bem particular enquanto tal. O amor social obriga a todos os membros da comunidade quer indivíduos que as diversas Entidades, sobretudo aquelas que se dizem Instituições educacionais.
O amor social força a pensar e comportar-se de molde a servir a plena realização do bem-comum, que de outro modo não se poderia realizar. Supõe, portanto, o senso comunitário. Eis, realmente, uma tríade sagrada, fundamental: comunidade, bem-comum e senso comunitário.
Entre as obrigações particulares mais importantes do amor social nos dias de hoje, conta-se em primeiro lugar o da boa educação, dado que quem não tem civilidade importuna continuamente os outros.
A ausência de compreensão sempre prejudica o próximo que fica vítima da hostilidade alheia, refém dos interesses de grupos poderosos que através do dinheiro conseguem tudo e passam por cima do que possa compaginar com amor social bem entendido.
Falta, deste modo, sempre, a disposição de chegar a uma ordem da sociedade segundo o princípio comunitário. Nesse sentido a psicologia social afirma, sem dar margem a dúvidas, que o amor social para exercer efetivamente a sua força vivificante pressupõe uma articulação da sociedade na qual a fiscalização dos poderes constituídos se torna imprescindível.
Tudo isto tem um fundamento ontológico, pois a ordem da justiça é apenas uma parte daquela ordem social que é traçada ao homem por sua própria natureza humana.
A unidade da natureza humana, a igualdade dos fins existenciais dos homens tudo converte ao amor ao próximo, ao dever fundamental do homem em face dos outros homens independentemente de qualquer referência religiosa, embora a comunidade do fim último esteja em Deus.
O que se esquece muitas vezes é que o barulho excessivo, sobretudo os causados por gritos perturbam a concentração mental e é um sério obstáculo para uma atividade cultural normal, causando impactos emocionais deletérios. O amor social pode ser um antídoto contra o mal daqueles que não respeitam os seus vizinhos.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário