terça-feira, 9 de junho de 2009

Eucaristia nutre e santifica

A EUCARISTIA NUTRE E SANTIFICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As palavras do prefácio da Missa de Corpus Christi revelam dois efeitos sublimes da Eucaristia na vida do cristão ao assim se dirigir ao Pai: “A todos nutris e santificais”. No deserto Deus alimentou os israelitas com o Maná. O pão eucarístico, porém, é a dádiva divina a todos os homens de todas as raças e línguas que caminham neste mundo em direção à Pátria definitiva. Outrora, Deus alimentou o seu povo com o alimento que caía do céu. O maná, contudo, era uma figura da Eucaristia. Esta, na verdade, é o penhor de vida eterna, pois Cristo disse: "Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente" (Jo 6,58). Antes Ele havia falado: “E o pão, que eu darei, é minha carne para a salvação do mundo” (Jo 6,52). Aí o fundamento da presença real bem expressa nas palavras que Ele proferiria no Cenáculo: "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19). A fé nestas palavras do Mestre garante a infalível certeza da revelação do mistério eucarístico. Em cada Missa, após o milagre da transubstanciação, Cristo todo inteiro está presente com seu corpo, sangue, alma e divindade. O Redentor, glorioso e vivo eternamente, se faz presente sobre o altar e cumpre se lembre a assertiva de São Paulo: “Cristo ressuscitado não morre mais” (Rm 6,9). Todo o mistério do Verbo Incarnado está contido na santa hóstia com os charmes inefáveis de sua humanidade e da infinita grandeza de sua divindade sob os acidentes do pão e do vinho, como bem cantou Santo Tomás de Aquino: Na cruz se ocultava a divindade, na Eucaristia se esconde ao mesmo tempo a humanidade de Jesus. Por tudo isto não se pode olvidar a identidade entre o Cristo eucarístico e o Cristo que está no céu. É o mesmo Jesus da história e da eternidade. Na Eucaristia possuímos todos os mistérios da redenção: o Jesus do Tabor e do Getsêmani, da Cruz e da Ressurreição, dos milagres e o que está assentado à direita do Pai. O mesmo Cristo que possui a Igreja da terra é o que os bem-aventurados contemplam no Paraíso. Esta maravilhosa presença de Cristo no meio dos homens deve, de fato, estimular toda a vida humana. Nada temos que invejar dos Apóstolos, dos discípulos de Emaús ou de todos os afortunados que o viram na Judéia ou na Galiléia. Jesus se fez concidadão de todos os fieis de todos os tempos! São João registrou: "Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (Jo 19,34). Quem comunga bebe deste sangue e desta água vivificadora! Adite-se que sob as espécies eucarísticas a alma de Jesus está presente. Todas as suas faculdades humanas guardam aí a mesma atividade que na glória celeste. Todos os sentimentos do Verbo Incarnado estão aí na intimidade com o Pai, em união com os sentimentos do Salvador em união com sua Igreja militante, triunfante e sofredora. A vida de Jesus na Eucaristia é sua vida como está lá no Céu, em pleno clarão beatífico, num amor sem fim. A alma de Cristo fica deste modo no meio de nós com sua inteligência iluminada com a luminosidade do Verbo, na deslumbrante visão da Santíssima Trindade. Ao receber a hóstia consagrada o comungante está a acolher Aquele que ilumina os anjos e os arcanjos, a Virgem Maria e todos os santos. É o oceano infinito do amor do Verbo Eterno de Deus que passa a estar no coração do fiel com toda a alma sacerdotal do Verbo Incarnado. Pena que nem sempre se pensa em tão grande maravilha! Como atestou São Paulo. “Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele (Col 1,15-17) e na comunhão Ele vem para nos inebriar com esta sua presença e nos salvar! * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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