terça-feira, 5 de maio de 2009

O educador ante a ciência e a técnica

O EDUCADOR ANTE A CIÊNCIA E A TÉCNICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Tarefa tanto mais complexa hoje a do autêntico educador, porque, se há uma linha ascensional impressionante que se deve ao progresso científico das grandes descobertas não só sobre o nosso planeta, como sobre o universo inteiro, nota-se também, através da psicologia profunda, tremendas expansões dentro do próprio ser humano, invadindo-lhe os mais recônditos lugares, onde parecia impossível que nós, com os meios de que dispúnhamos, seríamos capazes de atingir.
Além disto, entretanto, simultânea e paralelamente, ao desenvolvimento desses conhecimentos e dessas conquistas, porque a ciência se transformou na mão do homem numa técnica de domínio das coisas, do mundo e do próprio homem, até mesmo de destruição da natureza, os problemas agudos mais exigentes, as perguntas que sempre lhe ocorrem persistiram.
Agora, porém, uma vez que se confiou demais na tecnologia, sem soluções satisfatórias, de modo suficiente a aquietar o seu espírito.
É que, à proporção que o homem foi resolvendo questões de caráter técnico-científico, sua inquietação permaneceu e até aumentou, no que tange ao que ele é, ao que significa, qual o seu verdadeiro papel e também o que o ultrapassa e transcende.
Ele quer, busca, demanda respostas, reexamina as doutrinas religiosas, investiga as teses filosóficas e fica decepcionado, pois a Ciência, que lhe prometera resolver todas as inquisições, o deixou frustrado, desiludido.
Orientar as mentes num mundo em crise é a magna tarefa do educador em nossos dias. Desafio para os mestres neste início de milênio.
Trata-se não de uma simples execração da ciência e da técnica, atitude anticientífica e primária. Como muito bem o notou Roland Corbisier, “seria inútil, ou pueril, deblaterar ou imprecar contra a técnica. O processo é universal, totalizante e irreversível”.
Cumpre, sim, levar as novas gerações a encontrar a solução de suas perquirições, mesmo porque com elas direcionarão os esforços para a construção de uma nova sociedade na qual seja possível a coexistência do trinômio ter-ser-viver.
A crise atual é, antes de tudo, de valores e só pode ser superada por uma lídima filosofia de vida.
Essa dará os parâmetros de uma ordem social humana na qual, não obstante as transformações, o homem se sinta seguro.
Cabe ao mestre levar à contemplação das Verdades perenes, aumentando o grau de percepção do indivíduo de aquilatar o que é mutável, discernindo com clarividência e perspicácia o essencial do acessório.
Então se terá penetrado o umbrais do século XXI com uma nova mentalidade, com a qual prosseguirá a adaptabilidade biológica do homem, mas este se sentirá psicologicamente equilibrado.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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