quarta-feira, 6 de maio de 2009

A ESPERANÇA E O EDUCADOR

A ESPERANÇA E O EDUCADOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Cumpre uma visão do futuro não num otimismo utópico, mas numa esperança luminosa.
O otimismo cego apresenta soluções prontas, acabadas, definidas. Cria uma ilusão e leva à frustração. Fabrica mitos e gera o desencanto.
A esperança, ao contrário, encara a realidade a ser vivida e alimenta o anseio do aprimoramento que deve ser obtido diuturnamente.
Como ensina o grande filósofo brasileiro, Professor Tarcísio Meirelles Padilha, “a esperança é a inserção do trans-histórico no contexto histórico... A esperança se prende a um juízo de valor que transcende todos os julgamentos... Num mundo que nos acena com o negativismo e várias formas de escapismo, a esperança há de ser a morada habitual de nosso espírito”.
O otimismo utópico estagna, anestesia, porque aprisiona dentro de estruturas que fascinam em instante de falso deslumbramento, causado por alternativas enganosas ou líderes que objetivam a dominação.
A esperança liberta, iluminando a mente para o encontro de medidas oportunas, fazendo entrever num porvir glorioso os resultados reais de uma ajuda comum para uma sociedade menos subjugada. O otimismo utópico é o futuro vindo em direção ao homem. A esperança é o homem caminhando, corajosamente, futuro a dentro.
A esperança assumida prevê dias melhores. O otimismo irresponsável consagra o status quo. O otimista deslumbrado é guiado. O homem da esperança, firme na rocha interior de sua personalidade bem formada, dá rumos à história. O iludido pelo falso otimismo almeja manipular os eventos. O iluminado pela esperança torna os acontecimentos grandiosos, fazendo os dias mais venturosos. O otimismo incônscio conduz à escravidão. A esperança sapiente leva à liberdade interior. A esperança está sempre a sussurrar: amanhã será melhor. O otimismo cego está sempre a sustentar: tudo já está perfeito. Entre o otimismo impaciente da ilusão liberal ou idealista e o pessimismo vexatório dos fascismos, ergue-se, assim, a esperança que sublima, levando a realizações magníficas.
O verdadeiro educador muito espera de seus alunos. Não teme nem a liberdade conscientizada, nem a criatividade despertada, nem a iniciativa liberada, porque sabe desenvolver a responsabilidade e o esforço que constroem. Acredita na “metablética” daquele diante do qual colocou objetivos altos, claros, atraentes.
Como mostra Pierre Furter, “as raízes ontológicas da esperança prendem-se ao fato de que o homem ainda não está satisfeito porque ainda não é perfeito, porque o mundo e ele mesmo ainda não são acabados”.
Assim o autêntico educador é aquele que aponta lucentes ideais, envolvendo o educando em fagueiras perspectivas. Leva-o ao fundo de si mesmo e aí se descobrem riquezas que o fazem um benemérito da sociedade.
Pio XI declarou que “as boas escolas são fruto, não tanto dos bons regulamentos, como, principalmente, dos bons mestres que, egregiamente preparados e instruídos, cada qual na disciplina que deve ensinar, e adornados das qualidades intelectuais e morais exigidas pelo seu importantíssimo ofício, se abrasam de um amor puro e divino para com os jovens...”.
Realizar com eficiência e perseverança esta tarefa é merecer a gratidão da pátria. Missão patriótica educar com maestria as novas gerações, contribuindo um mundo melhor.
É a grande colaboração com os planos divinos, formando aqueles cujas ações terão repercussão no tempo e na eternidade.
Neste momento da História é preciso prestar a eficaz cooperação para um happy end século XXI, entregando os educadores à sociedade indivíduos preparados para brilhantes conquistas. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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