quinta-feira, 23 de abril de 2009

SOCIOLOGIA, HISTÓRIA E OS POLÍTICOS

SOCIOLOGIA, HISTÓRIA E OS POLÍTICOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As relações entre a Sociologia e a História são estreitas. Por serem Ciências Humanas, uma e outra têm como ponto de referência o homem. Não podem nunca abstrair da análise das causas e efeitos que envolvem as ações humanas. Há valores, cuja realidade preocupa profundamente ao pesquisador social, como ao historiador e que devem guiar os políticos. As províncias da Cultura ostentam campo vastíssimo aos cientistas sociais. Há, até mesmo, identidade de técnicas para o trato dos dados que os documentos fornecem. É certo que o enfoque sociológico difere do aspecto histórico. À Sociologia interessam elementos que permitam vislumbrar o comportamento humano em geral. A História volta-se para os fatos como tais: os atos humanos do passado, os fatores que nele influenciaram, olhados numa sucessão temporal. É ciência mais individualizadora, enquanto a Sociologia é mais generalizadora. Essa busca normas, aquela investiga a ação humana cronologicamente. É certo, porém, que o historiador pode passar do particular para o geral e o sociólogo não pode prescindir de momentos históricos. Hoje, mais do que nunca, cumpre aprofundar os conhecimentos da Sociologia e da História, sobretudo por parte de muitos políticos. Quer a Sociologia, quer a História são mestras da vida. Quando vemos os mais fortes explorarem os mais fracos, usando uma política que malbarata o dinheiro da nação, isto significa que continua a imperar o princípio do sórdido egoísmo que costuma dominar quem idolatra o poder, cortejado pela lisonja que é a arma comum dos medíocres. O ideal porém, é que o verdadeiro estadista escolha sempre as palavras que vai proferir, pratique ações justas e respeite o patrimônio público em vista do bem comum e não de seus mesquinhos interesses pessoais. Nada mais calamitoso para a sociedade do que a destruição dos valores morais. Diluir a tessitura ética da sociedade é o maior dos males. A atenção do bom político terá que se concentrar constantemente no fazer com que a justiça entre nas almas dos cidadãos apartado qualquer tipo de injustiça. Que reine a prudência e a moderação e desapareça o destempero. Sejam estimuladas as virtudes e afastados todos os vícios. Nada de satisfazer os caprichos pessoais ao ritmo de uma vaidade perniciosa. O político que idolatra o poder pelo poder exige que os outros pensem sempre como ele. Faz correr lágrimas de crocodilo ao se livrar de amigos que se tornam incômodos e não tem receio em afastar no próprio interesse quem no seu caminho se tornou uma pedra. Por tudo isto o bom cidadão é um lutador que tem coragem de protestar contra a falta de ética de muitos a quem ajudou a ter um cargo público, pois é preciso que se aplique por toda parte a terapêutica da verdade a qual torna os homens melhores. Segundo os melhores sociólogos e historiadores, o autêntico político é aquele que faz mais virtuosos os cidadãos, depois de haver, ele próprio, se tornado mais virtuoso, graças ao domínio que exerce sobre seus ímpetos de mando, evitando todo e qualquer desmando. Estarrecido está o país em mais um escândalo proporcionado por políticos brasileiros com relação às passagens aéreas, distribuídas sem nenhum critério sério. A imprensa divulgou: “Líderes partidários, presidentes de partidos e integrantes do Conselho de Ética utilizaram a cota de passagens aéreas da Câmara para transportar familiares e terceiros para viagens ao exterior --sem vínculo com atividades próprias do mandato”. Tudo isto à custa do povo, enquanto as estradas estão uma calamidade, as escolas em petição de miséria e a pobreza reinando por toda parte. Para muitos isto é uma marolinha.
A esperança da classe política é que daqui a pouco mais este deslize caia no esquecimento.
Eis por que a opinião reta deve sempre ser fixada, estabilizada pelo saber sociológico e histórico exato do qual carecem muitos homens públicos.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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