sexta-feira, 24 de abril de 2009

RESPONSABILIDADE DO SACERDOTE

A RESPONSABILIDADE DO SACERDOTE

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

As atitudes do ex-bispo Lugo, do Paraguai e outros erros de certos eclesiásticos estampados na mídia têm causado indagações por parte de muitos leitores. De plano seja dito que um erro nunca pode ser justificado, mas cumpre pensar no seguinte: Jesus Cristo tinha apenas doze apóstolos e um, vilmente, por trinta dinheiros, o traiu e era, terrivelmente, desonesto. . Diz São João claramente: "Era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam". (Jo 12,6). Se em doze um era assim, se pode imaginar que entre milhares de epígonos dele através dos tempos, muitos Judas surgiriam e surgirão! Onze apóstolos foram fiéis a Cristo, sobretudo depois da vinda do Espírito Santo. Na mesma proporção são milhares os padres, bispos e papas que, desde o início do cristianismo, viveram e vivem em plenitude a fidelidade ao Mestre por eles muito querido, crido e amado. Jesus contou a parábola do joio e do trigo. No fim dos tempos haverá o julgamento final, mas o número dos eleitos será imensamente maior do que os dos condenados ao fogo eterno. Está no Evangelho: "O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo" (Mt 3,10). A imprensa anticlerical, que não costuma apresentar os bons feitos dos heróis de Cristo, é useira e vezeira em explorar com requintes de baixaria os fracassos humanos de uma Instituição que é teândrica, ou seja, divina e humana. Investigam o Clero em todos os recantos e sob todos os aspectos na ânsia insopitável e satânica de ver mais e mais denegrida esta classe que, sem nenhum favor, tantos benefícios tem prestado à humanidade. É certo que nem todos os padres primaram, primam ou primarão pela honestidade de costumes. Há os que se esquecem, infelizmente, dos seus sagrados juramentos e conspurcam na lama das paixões a dignidade sacerdotal que voluntariamente aceitaram sobre seus ombros. É sempre com as mais amargas lágrimas que a Igreja contempla esses anjos de Luz se tornarem anjos do Averno. Já dizia o notável pregador e teólogo Pe. Jacques-Marie-Louis Monsabré, que « comunicando seus poderes aos homens, o Divino Sacderdote não lhes transmitu sua impecabilidade ». Jesus disse, porém, taxativamente : "Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!" (Mt 18,7) Há, porém, um acervo revoltante de injustiças, maquinações cavilosas, desleais e covardes que se percebe na repugante exploração dos « escândalos » do Clero. A verdade, contudo, é que o povo de Deus quer, de fato, honestidade, santidade dos sacerdotes como uma coisa natural ao seu estado, daí também o choque que causa quando alguns se extraviam e se deixam enredar nas tramas diabólicas das tentações mundanas. Seria melhor se falar de escândalos no Clero do que escândalos do Clero, pois a maioria absoluta dos padres são santos, virtuosos, embora imperfeitos, pois perfeito é somente Deus. Acabar com o celibato seria a solução que os inimigos da Igreja preconizam, porque sabem que o sacerdócio, sob todos os aspectos, pela própria perfeição de estado de vida, exige a total dedicação dos Ministros de Deus ao culto, ao povo, à pregação do Evangelho. Se o matrimônio fosse a solução não haveria tantos casais traindo os votos feitos solenemente um dia perante o altar de Deus, tanta infidelidade às promessas matrimoniais. O padre deve ser o homem inteiramente dedicado à oração e à ação evangélica. Homem do sacrifício, devendo repetir o que foi dito aos Romanos e aos Coríntios:"Paulo, servo de Jesus Cristo, escolhido para ser apóstolo, reservado para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1,1) [...] « De mui boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas » (2 Cor 12,15). São legiões inteiras de sacerdotes e religiosos que demonstraram e demonstram uma irrepreensível fidelidade ao seu voto de castidade. Houve e haverá sempre luzeiros bastantes para dissiparem, com o esplendor de suas virtudes, o crepúsculo que, por vezes baixa sobre a disciplina clerical. Por mais cuidado que se tenha num melhor recrutamento do clero e de uma formação mais perfeita dos que aspiram o sacerdócio, sempre haverá os que não corresponderão às graças divinas. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.;

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