quarta-feira, 29 de abril de 2009

Papel social do educador

PAPEL SOCIAL DO EDUCADOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O sentido do termo educação é muito mais amplo do que o expresso pelo vocábulo, instrução, restrito às faculdades mentais. Psichetti, com razão, afirmou que “a arte mais difícil e, simultaneamente, mais útil, é a de saber educar”.
Abarca a educação, a totalidade do ser racional com todas as suas potencialidades e possibilidades. Visualiza não apenas sua plena auto-realização, mas ainda seu papel na trama social e seu destino eterno. Falho seria qualquer método educativo que formasse gênios, cujas habilidades intelectuais fossem desenvolvidas, mas que não capacitasse para um desempenho de uma tarefa benfazeja no mundo. Isto envolve o aspecto ético e social, inseparável da tarefa educativa.
A educação é assim “formação do homem todo, é o esforço de fazer dele um adulto, que busca a Verdade e ama o Bem”. Segundo Platão, “a educação é a virtude perfeita que por toda a vida nos faz abraçar ou aborrecer aquilo que merece o nosso amor ou a nossa aversão”. Há antropólogos sociais, porém, que querem ver a educação como um mero processo de aculturação dos membros jovens de uma sociedade pelos mais velhos, numa simples transmissão de valores. A educação, entretanto, é muito mais do que adaptação e integração. É preparação do homem para a liberdade, a responsabilidade, a criatividade.
A posse da liberdade é meta à qual o educador deve conduzir o educando. Esse ao apurar sua racionalidade, se torna realmente livre. O progresso rumo à liberdade é sem limites, porque implica uma busca orientada de bens supernos, muitas vezes obnubilados por falsas aparências. Maritain acentua esse ângulo fundamental, mostrando que “a primeira finalidade da educação é a conquista da liberdade interior e espiritual pela pessoa individual, ou, em outros termos, a libertação desta através do conhecimento, da sabedoria, da boa vontade e do amor”. É que a liberdade não é em cada homem algo de pronto, uma perfeição realizada inteiramente. Jolivet asseverou: “Em certo sentido, dever-se-ia antes dizer que o homem não nasce livre, mas se torna tal na própria medida em que se torna racional. Dessarte, é como que um campo ilimitado que se oferece ao desenvolvimento da liberdade. Porquanto a liberdade perfeita implica uma posse de si tão plena e uma orientação tão perseverante do querer para os fins superiores do homem, que mais que uma realidade é um ideal”. Há, pois, uma necessidade de uma educação para a liberdade. Pedro Dalle Nogare expressou-se com felicidade ao dizer que “a liberdade é uma planta de nosso jardim interior muito tênue e delicada, que para desenvolver-se normalmente até a sua plena maturidade, precisa de muitos cuidados e estes cuidados podem e devem ser oferecidos pela educação familiar e oficial”. Daí, a necessidade do educador levar o seu aluno à reflexão, ao conhecimento próprio, ao autocontrole, a um perfeito juízo crítico. Assim, pode o educando aperfeiçoar a sua realidade, sem se deixar massificar, vivendo uma liberdade sem peias e condicionamentos. Concretiza, então, o educador o seu múnus contido na própria etimologia do vocábulo educar que significa nutrir, alimentar, em vista a uma maturidade completa. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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