terça-feira, 14 de abril de 2009

O CULTO DE MARIA NOS PRIMEIROS SÉCULOS

O CULO CULTO DE MARIA NOS PRIMEIROS SÉCULOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Desde o início do cristianismo o culto de Maria caminhou lado a lado com o de Jesus Cristo. Mãe e Filho a receberem justas homenagens dos cristãos, jubilosa consagração da fé, do amor e da prece confiante. Isto porque um Jesus sem Maria é um Jesus mutilado, um Jesus do qual se desconhece a origem e nem se pode explicar sua humanidade e compreender seus sofrimentos. Eis por que no Credo nós professamos solenemente nossa crença fundamental no mistério da Incarnação proclamando: “Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra e em Jesus Cristo seu único Filho nascido da Virgem Maria”.
É que gerado por Maria, tendo um corpo semelhante ao nosso, Ele poderia sofrer como um homem reparando a inofuscável injúria que estava impressa no frontispício de todas as gerações. Eis aí a verdade sublime do símbolo apostólico, palavras que dos lábios dos primeiros missionários passaram a outros missionários de todos os tempos e lugares e que espalharam pelo orbe o culto de Maria. Por onde ressoou o anúncio do Evangelho, a Mãe do Salvador, a Mãe de todos os cristãos recebeu efusivas homenagens, loas sinceras partindo de corações filiais.
Logo no início do cristianismo, quando o Império romano desfechou virulenta perseguição aos seguidores de Jesus e os cristãos se recolhiam nas catacumbas, aí brilhou a devoção a Maria, expressa sugestivamente nas inscrições, nas alegorias, nas suaves figuras da Virgem Orante. Tudo a atestar incontestavelmente o lugar privilegiado que Maria ocupava na mente e no coração dos primeiros fiéis, tendo, após seu divino Filho, um destaque especial na piedade cristã.
A linguagem doutrinal, mais precisa, não foi menos eloquente e expressiva. Pela boca do Apóstolo João, que atesta contra as invectivas grosseiras dos hereges a divindade de Jesus Cristo e a realidade de sua carne sagrada, aflora a maternidade divina de Maria, fundamento do culto a ela consagrado.
Tal verdade fundamental rebrilha no Concílio de Nicéia a definir contra Ario a consubstancialidade do Verbo, a união hipostática, isto é, a união da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Verbo Eterno de Deus.
A doutrina ortodoxa recebeu sua decisiva vitória em Éfeso, quando contra Nestório se proclamou como dogma de fé a maternidade divina de Maria. O júbilo tomou conta de toda cristandade.
Salve Maria! Este foi o clamor que se fez ouvir por todo o mundo cristão.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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