sábado, 11 de abril de 2009

A MISERICÓRDIA DIVINA

A MISERICÓRDIA DIVINA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O Papa João Paulo II que beatificou a Irmã Faustina Kowalska dia 18 de abril de 1993 e a canonizou a 30 de abril de 2000 anunciou a instituição do Dia da Misericórdia divina no segundo domingo da Páscoa. A devoção à compaixão do Ser Supremo bem simbolizado no Coração de Jesus constitui um admirável movimento espiritual no seio da Igreja. As mensagens que Santa Faustina ouviu diretamente de Cristo se coloca no prolongamento das que receberam Santa Margarida Maria em Paray le Monial, de Santa Gertrudes e de São João Evangelista ao pé da cruz. Calha bem esta comemoração logo após a Páscoa quando no Evangelho se escutam as palavras do Mestre divino a São Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e creram” após lhe ter ordenado: “Coloca a tua mão no meu lado e não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20, 27-30). A lança do soldado romano rasgara, de fato, a parede de carne que ocultava o terníssimo coração do Redentor de onde jorraram e manam continuamente torrentes de graças, de bênçãos, de perdão para os que se arrependem de suas negligências, de seus pecados. Jesus não quer nunca punir, mas acolher os que reconhecem suas faltas e querem modificar o seu procedimento, curando-os de suas enfermidades espirituais e também corporais, dado que Ele é o médico divino, capaz de sanar todos os males. Toda sólida doutrina dos maiores teólogos e dos melhores exegetas, intérpretes competentes das Escrituras faz resplandecer esta face do Salvador, o qual “como amasse os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Crer na comiseração divina e propagar esta devoção é garantir proteção sobretudo para a hora da morte, quando, mais do que nunca, se necessita da clemência do Senhor Onipotente. O que mais desagrada a Cristo é a desconfiança na sua bondade sem limites. Nada mais agrada a Ele do que esta prece ardente: “ Jesus, eu confio em vós”. Esta jaculatória repetida continuamente, sobretudo nas horas de pânico, de turbulência, opera maravilhas. Venturoso o que a refletir no momento em que estiver deixando este mundo para comparecer diante do Criador. As chamas, as labaredas de benignidade que fluem do Coração de Jesus querem envolver no calor, no abrasamento, no ardor de uma dileção infinita. No Calvário correram sangue e água do lado aberto de Cristo agonizante, água que purifica, sangue que é a vida das almas, pára-raios que protegem diante do Deus justo, mas caritativo. A devoção à misericórdia divina traz, além disto, como faustosa conseqüência paz, tranqüilidade, imperturbabilidade. A misericórdia é o maior atributo de Deus e o fato mesmo de ter ele criado o ser humano à sua imagem e semelhança já foi um ato de benevolência sem balizas. Jesus não decepciona nunca e felizes os que se entregam sem reservas nas suas mãos beneficentes e passam a morar dentro de seu coração. Segundo Santo Tomás de Aquino, crer, como Jesus exigia de São Tomé, é dar sob o império da vontade, movida pela graça, o assentimento, a adesão de nossa inteligência à verdade revelada por Deus. Ora, Jesus asseverou claramente: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), tendo também afirmado: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (Jo 15,13) e isto Ele o fez lá no Gólgota. Como então duvidar de sua misericórdia? Ele está sempre a repetir: "Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna" (Jo 6,47). Venturoso, é, de fato, quem encontra nele seu único refúgio! Que se abram neste domingo através da confiança todas as eclusas dos dons divinos, garantindo, cada um, definitivamente sua salvação eterna.* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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