segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

UNIDADE NA DIVERSIDADE

UNIDADE NA DIVERSIDADE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Eis um tema muito caro a São Paulo que dizia aos Efésios: "Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (Ef. 4:4,6). Especificava, aludindo à Trindade Santa que é um só Deus em três Pessoas: Deus Pai, "o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (Ef. 4:6). Ele é tudo em todos. Deus Filho "o agente e consumador da nossa fé" (Hb. 12,2), "a esperança da glória" (Cl. 1,27), o fundamento da Igreja, Seu corpo místico. Deus Espírito Santo o autor de nossa experiência de novo nascimento que nos leva ao batismo (1 Cor. 12:13). Bento XVI mostrou que já em Pentecostes fica claro, também, que «pertencem à Igreja os diferentes idiomas e culturas; na fé podem compreender-se e fecundar-se mutuamente», desde seu nascimento a Igreja “já é católica, universal”. Acrescentou o Papa que a Igreja «fala, desde o início, todas as línguas, pois o Evangelho que a ela se confiou está destinado a todos os povos, segundo a vontade e o mandato de Cristo ressuscitado». Mostrou ainda que “esta Igreja que nasce em Pentecostes não é antes de tudo uma comunidade particular, a Igreja de Jerusalém, mas a Igreja católica, que fala os idiomas de todos os povos». Acentuou: «Dela nascerão depois as demais comunidades em todas as partes do mundo, Igrejas particulares que são sempre expressão da única Igreja de Cristo». Concluiu o sábio Pontífice: «Portanto, a Igreja Católica não é uma federação de Igrejas, mas uma realidade única: a prioridade ontológica corresponde à Igreja que é universal . Uma comunidade que não fosse neste sentido católica não seria nem sequer Igreja». Destas verdades teológicas se segue a conseqüência social importante: o relacionamento com os outros depende do respeito às diversidades. Em nossos dias, quando tudo leva a um subjetivismo alarmante, fruto do individualismo que aflora de um egoísmo deletério, multiplicam-se os penosos problemas das relações mútuas. Trata-se do convívio com os amigos, com os familiares, com os companheiros de trabalho. Uma norma elementar é que ninguém deve querer moldar os outros à sua imagem e semelhança. É uma arte descobrir, no relacionamento diário, o que normalmente se chama de “mania”, mas que vem a ser laivos do perfil caracterológico de cada um. Cumpre chegar a um denominador comum. Nada mais necessário do que baixar o nível de defensividade, abolindo definitivamente acusações mútuas. A interação emocional é de vital importância em toda parte. Atitudes negativas devem ser evitadas pois causam ressentimentos, aumentam a taxa de absenteísmo e reduzem o nível de energia positiva. Nas relações humanas se os presentes e doações são sinais de consideração, estima e apoio, nem sempre são um reforço positivo, se o que foi exposto acima faltar e se ele se configurar como suborno afetivo. Sem alicerce nada duradouro se constrói. É preciso sempre a busca de reforços interpessoais, como a atenção que se manifesta nos mínimos detalhes, incluindo não se querer dominar o outro. Neste caso específico apontar erros através de queixas inoportunas é uma falha muitas vezes irreparável. Apresentar soluções é o caminho certo. O que se esquece muitas vezes é que qualquer indivíduo é do tipo ativo ou do tipo secundário. Este último é programado, por vezes rotineiro, e precisa ser avisado com antecedência para que possa se reorganizar e rever seus programas a curto e a longo prazo. O tipo primário, desprogramado, surpreende por atitudes imprevisíveis. Fala sem pensar e age precipitadamente. Entretanto, se uma pessoa faz alguma coisa que enraivece, não se deve atacá-la e, sim, procurar se safar da situação constrangedora pela via da compensação não vingativa, inclusive com o pensamento salutar de que “o tempo cura todas as feridas”. Tudo isto é muito importante pois tal o desejo explícito de Jesus numa oração ao Pai: “Que todos sejam um como tu, ó Pai, e eu somos um”. Nesta caminhada para a unidade, nada melhor do que aprofundar o ensinamento de São Paulo sobre a unidade na diversidade ( Ef 4,1-7). * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008 – MG – Homilia preparada para a Novena de São Paulo Apóstolo dia 23 de janeiro de 2009

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