quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Mãe de Jesus e os Advogados

A MÃE DE JESUS E OS ADVOGADOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Maria, a Mãe de Jesus é invocada como o “Espelho da Justiça”. É que Ela foi, antes de tudo, justa para com Deus. Nunca atribuiu nada a si mesma. Louvou incessantemente ao Ser Supremo. Seu cuidado foi tanto em não querer furtar a glória devida a seu divino Filho que se ocultou nos momentos de triunfo de Jesus. Cumpriu sempre seus deveres de Mãe, não apenas na infância do Salvador, mas ainda estando firme e seu lado nos instantes em que se consumaria o processo soteriológico. Não Lhe negou, então, injustamente, seu arrimo no momento do desamparo e da traição. Além disto, Ela deu à humanidade tudo que devia no papel de co-redentora. Ainda que com sacrifícios horrípilos, realizou o que seu múnus exigia, de tal forma que os planos salvíficos traçados pelos insondáveis desígnios de Deus se realizassem totalmente e, em nada, Ela quis prejudicar os homens. Na existência de Jesus não se nota nunca alguma omissão, que é, irreversivelmente, causa de uma série de danos injustos ao próximo e a toda a sociedade. Este “Espelho de Justiça” apela para quantos nele se miram no sentido de tudo fazer para que as estruturas sociais não sejam injustas e para que, a seu exemplo, a retidão marque a vida de cada um. Ela é, deste modo, um referencial para todos os Advogados
Estes cônscios de que as leis são os olhos da Justiça, jamais devem permitir que as leis sejam violadas, cegando a mesma Justiça. Todo Advogado deve pugnar para honrar a sua toga, símbolo da Verdade e da Ordem Social. Jamais um Bacharel digno deste nome pode se assessorar pela ira que leva à impiedade ou pela excessiva clemência que conduz à fraqueza, pautando, pela razão e pelo reto juízo, as sentenças a serem prolatadas. A honestidade cumpre seja o ornamento de qualquer causídico, apartada por todos os meios, a venalidade e outros crimes. Assim, nunca se deslustra este nobre ofício, nem o esplendor desta notável tarefa que exige dignidade, tornando tais profissionais fiadores das manifestações de apreço dos cidadãos íntegros, graças à sua inteireza, prudência, firmeza e austeridade. Operários infatigáveis do Direito, vivem os bons Advogados aureolados pela boa fama, o maior patrimônio, o mais valioso tesouro de quem tem caráter e bom senso. Suas atividades forenses, permeadas pela imparcialidade, glorificam a Justiça e dão credibilidade ao Direito, impedindo o mercado livre de sentenças iníquas, obstando a prostituição do sacrossanto Direito. A cupidez não deve nunca envenenar as sentenças de um Magistrado pois, do contrário, a honra e a glória da Ordem dos Advogados estaria conspurcada e campearia o crime. O Fórum de qualquer Comarca é lugar sagrado que jamais deveria ser pisado pelos pés dos corruptos. Toda a sociedade é agredida, quando sentenças descabidas são proferidas ao som da desonestidade. É através de Advogados eficientes, competentes, que a Justiça se firma e se afirma como uma guarida da segurança da paz e reduto do equilíbrio que deve existir nas relações econômicas, sociais, políticas e culturais dos indivíduos e das comunidades. A Justiça, colocando um freio aos abusos dos poderosos e escudando os interesses dos menos favorecidos, é fator decisivo de equilíbrio, facho luminoso por entre as trevas da ambição humana. Da grandeza de seus Tribunais depende a pujança de uma nação.Venturoso é então o Brasil, pois, como afirmou com razão, o eminente sociólogo Dr. Edgard de Vasconcelos, “através dos julgados de nossos tribunais é possível vislumbrar não só a linha de tradição de nossa Justiça, mas também a cultura de nossos juízes”. É este glorioso patrimônio que recebem os que formam na carreira do Direito e devem sempre locupletar com decisões sábias e justas quer como Advogados que militam no Fórum, quer como magistrados judiciais, a grandeza desta nobilíssima Profissão.O referido sociólogo aponta como uma falha nas pequenas comarcas de primeira e segunda entrâncias o acúmulo, nos cartórios ou nas secretarias do foro, de processos “cujo andamento vive apostando com os passos da tartaruga”. Eis aí uma lacuna que precisa ser superada, dispostos todos a trabalhar com seriedade e persistência para que tais fatos não ocorram, diminuindo a confiança da população na eficiência da Justiça. Eis o que está inscrito no Palácio de Justiça de Bréscia e no de outras cidades da Itália: “Este lugar odeia a iniqüidade, ama a paz, pune os crimes, conserva os direitos, honra os probos”, ideal sublime que deve imperar por toda parte. É deste modo que a Justiça e a Paz se entrelaçam, pois sem a Justiça é impossível a tranqüilidade da ordem. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário