quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

ENCONTRAR-SE COM JESUS

ENCONTRAR-SE COM JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Grande a alegria dos discípulos que, tendo ouvido de João Batista que Jesus era o Cordeiro de Deus (Jo 1,36) foram até Ele e, depois, anunciaram a Simão: “Encontramos o Messias” (Jo 1,41). Notável a influência que o Redentor exerceu sobre os apóstolos e sobre quantos tiveram a dita de se encontrar com Ele em sua trajetória terrena. Pelo batismo o cristão recebe a graça cristiforme que tende a transformá-lo em outro Cristo. É o primeiro notável encontro com Ele. Grande deve, de fato, ser a ação que Ele deve exercer sobre que traz em si o Seu nome. Daí a reflexão sobre o impacto que a doutrina do Mestre divino na vida de cada um de seus seguidores. Seus ensinamentos abarcam ou devem abarcar toda a existência de seu epígono. É claro que há prioridades no esquema que Ele traçou: o amor a Deus e ao próximo, a paz interior, a busca da salvação eterna como conseqüência de tudo isto. O atual contexto de um mundo trepidante faz o tempo fluir ainda mais rapidamente, vive-se no que os cientistas sociais chamam de “aceleração da História” e a vida espiritual corre risco de ser levada de roldão e, por vezes, fica diminuída a influência do meigo Rabi da Galiléia, ficando relegas a segundo lugar as importantes questões espirituais. É preciso, porém, deixar tempo para Deus de tal forma que se possa deparar nas celebrações dominicais a plenitude da face de Jesus para depois sair a proclamar as maravilhas divinas. Confiança total, absoluta nos dizeres de Cristo estabelecendo uma hierarquia na existência nesta terra: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo" (Mt 6,33). Trata-se de uma prioridade, pois não se chegará à Casa do Pai sem o cumprimento dos deveres terrenos e São Paulo já advertia: “Quem se descuida dos seus, e principalmente dos de sua própria família, é um renegado, pior que um infiel” (1 Tm 6,8). Uma vez, porém, tendo encontrado Jesus é preciso incrementar uma grande amizade com Ele, ciente cada um de sua pobreza espiritual e do perigo das atrações mundanas. Trata-se de se ver tudo sob o ponto de vista do Evangelho, regulando o comportamento por suas normas à luz das realizações de Cristo e abominando tudo que confronta com seus desígnios salvíficos. Nem sempre se tem de Jesus um conhecimento perfeito de Sua pessoa e agir em conseqüência, sobretudo colocando em prática o amor ao próximo, ensinamento que Ele tanto fixou e do qual foi modelo perfeito. Nunca é demais que se lembre o que Ele pregou: "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados" (Lc 6,37). Uma vez descoberto verdadeiramente Jesus que resultará? Em primeiro lugar, o perdão total de todas as faltas, como está no Novo Testamento: "Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome". (At 10,43). Dá-se o que está no Profeta Isaías: "Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!" (Is 1,18) Assim justificados por Cristo, resulta a filiação divina como afiança São João: "Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (Jo 1,12). Aí está o fundamento da bem-aventurança perene, como explica o mesmo Apóstolo: "Isto vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna, vós que credes no nome do Filho de Deus" (1 Jo 5,13); pois é Ele que dá esta inacabável felicidade (Jo 10,28), resultado da escuta de sua palavra (Jo 5,24). Esta beatitude já é efeito de sua redenção, dado que Ele mesmo afiançou: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10). Felizes, portanto, aqueles que encontram Aquele que é “o caminho, a verdade e a vida”, porque ninguém vai ao Pai senão por Ele (Jo 14,6). Tendo-o deparado, é preciso, portanto seguir por esta vereda sublime, acolher seus ensinamentos e viver nele e por ele como admoestou São Paulo: “Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor (Rm 14, 7-8). Então, sim, podemos repetir com os Apóstolos: “Encontramos o Senhor”. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

Um comentário:

  1. Realmente, o encontro com Jesus através de seus ensinamentos nos permite não só encontra o Senhor mas irmos aos páramos celestiais.

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