segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SIGNIFICADO DO BATISMO DE JESUS

SIGNIFICADO DO BATISMO DE JESUS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* O Batismo de Jesus no rio Jordão suscitou por parte dos intérpretes da Sagrada Escritura diversas interpretações teológicas. O Filho de Deus não necessitava evidentemente de nenhuma purificação e o próprio João Batista declarou que não era digno de Lhe desatar as correias de suas sandálias (Lc 3,16). O testemunho do Pai foi a prova definitiva, dado que, após o ritual joanino, se ouviu a voz do céu: “Tu és o meu Filho amado em ti eu comprazo” (Lc 3,22). Por que então Jesus quis receber o batismo? Como bem observou o exegeta Frei João Alexandre do Cordeiro, hoje os historiadores e hermeneutas consideram este fato como um argumento forte da historicidade de Jesus de Nazaré. O fato mesmo dos evangelistas terem transmitido esta narrativa mostra sua autenticidade e eles, inspirados pelo Espírito Santo, não suprimiram esta cena surpreendente. É de se notar que o Precursor mesmo teve que se submeter a uma verdadeira inversão de valores e o servo batizou o seu Senhor. Os desígnios divinos ultrapassam de muito os pensamentos humanos e, muitas vezes, jogam por terra nossos esquemas mentais arquitetados numa ótima terrena. Há necessidade de se estar atentos às inspirações divinas e ter a disponibilidade que teve o Batista ao se submeter aos planos de Deus. Mais tarde será São Pedro que ficará atônito ao ver Jesus a lavar-lhe os pés. Outro momento da manifestação da humildade do Redentor. Jesus foi sempre muito além das previsões de seus discípulos. No caso do Batismo de Cristo os maiores teólogos viram na descida de Jesus na água do Jordão a imagem viva de sua descida na morte ignominiosa na Cruz para salvação da humanidade. O seu batismo foi uma antecipação de sua Páscoa e de nossa redenção. Deus nos redimiu em se humilhando! O Batismo de Jesus recorda então o nosso Batismo, depois do qual cabe a cada um de nós a mesma palavra do Pai, pois somos seus filhos bem amados e nos batizados Ele se compraz. Ó imensa dignidade do cristão! Nem sempre se penetra fundo nesta gloriosa realidade. Graças ao sacramento do Batismo instituído por Cristo cada um de nós se tornou um predileto especial de Deus. Dom incomensurável! A conclusão é então óbvia, ou seja, os batizados devem se comportar como filhos e filhas do Senhor Onipotente. Viver o batismo significa se deixar guiar pelo Espírito Santo, pegar na mão de Jesus e caminhar no seu ritmo. Nem sempre cada um de nós compreenderá as maneiras de ser de Jesus, mas é necessário agir como Ele quer, adaptar-se a seus modos. Isto nos levará a mergulhar no seu amor e nos fará compreender a profundidade da vida cristã. As cruzes de cada hora se tornarão menos pesadas e espinhos se transformarão em pérolas para a eternidade. É preciso ser sempre agradecido a Deus pelo dom do nosso Batismo vivendo-o em plenitude. Curtindo a presença de Deus lá dentro da alma, sendo profetas de sua salvação e se comportando como membros de seu reino. Uma certeza inabalável de que o batizado é um cidadão do céu, destinado a uma glória imperecível na casa do Pai. Daí a alegria de se possuir os dons do Espírito Santo, de sermos irmãos de Jesus Cristo, filhos amados do Pai. Tudo isto é uma realidade faustosa consequência do nosso Batismo. No rio Jordão Jesus se humilhou para mostrar que seus seguidores deveriam seguir sempre a rota da humildade. Apenas assim se dá a verdadeira imersão neste rio de Amor que é o próprio Deus. Contemplamos hoje Jesus, o Salvador do mundo, batizado por São João Batista e nos recordamos do nosso Batismo. Jesus, porém, vem a nós não só pela água de seu Batismo hoje comemorado, não apenas pelo sacramento do Batismo que Ele instituiu, mas vem a cada cristão também pela água e sangue que jorraram no Calvário no alto de sua Cruz. Do Natal ao Cenáculo, do Batismo à Cruz é um rio de agua viva, ou seja, o próprio Espírito Santo que desceu sobre Cristo no Jordão, o qual nos garante a salvação pela morte glorificante que Jesus padeceria. Deste modo, festejando o Batismo de Cristo, contemplamos o Pai que nos salva ao enviar seu Filho Único ao mundo por causa de seu grande amor, dando-nos o Espírito vivificador e nos recordamos que tudo isto aconteceu para nós no dia venturoso do nosso Batismo que nos abriu as portas da nossa salvação eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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