segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

PLANEJAMENTO ESPIRITUAL PARA 2016

PLANEJAMENTO ESPIRITUAL PARA 2016 Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* O início de um novo ano oferece a muitos o desejo de ter uma planilha espiritual que seja um roteiro seguro para corresponder totalmente aos desígnios de Deus. O importante é que cada um estabeleça itens essenciais, válidos para qualquer cristão. O primeiro deles deve ser o propósito sincero de evitar o pecado e as ocasiões de pecado. Feliz será aquele que durante todo o ano apenas usar os meios de comunicação social para o progresso intelectual, riscando de sua agenda todos os programas inúteis e, sobretudo, os que conduzem diretamente ao desprezo de um dez mandamentos. Sites pornográficos, novelas licenciosas e semelhantes. A Bíblia não deixa dúvida alguma: “Quem ama o perigo nele perecerá” (Ecl 3,27). O Papa Pio XII num de suas encíclicas lembrou a recomendação de Santo Agostinho: “Não digais que tendes almas puras, se tendes olhos impuros, porque os olhos impuros são mensageiros dum coração impuro”. Arrependimentos inevitáveis acometem mesmo os que não têm fé e que se deixam levar pelo espírito maligno. A pior escravidão é a dos vícios, pois os maus intentos são insaciáveis. Nada mais saudável do que uma consciência limpa diante de Deus. Júbilo intenso possui quem vence as insídias diabólicas. Além disto, cumpre domar as paixões e modelar-lhes os desejos. Como bem escreveu o Pe. Grou, é necessário “guardar prudentemente todas as avenidas do próprio coração”. Isto supõe uma vigilância contínua, pois “males se cortam pela raiz”. Ceder às paixões é cair na armadilha da pior dos tiranos. É preciso também higienizar a mente através de pensamentos elevados, voltados não para as veleidades terrenas, mas para as realidades eternas. Para isto a leitura da Bíblia é indispensável, bem como a reflexão sobre textos que alimentem o espírito e não favoreçam a materialidade. Adite-se que durante o ano a Providência disporá os acontecimentos e há necessidade de fazer em tudo a vontade divina que visa o bem de cada um. Na prece contínua o discípulo de Cristo deparará a força para se conformar com os planos do Criador e isto com muita disposição interior. É incontestável, porém, que um Ano Novo feliz só acontecerá para os que se dispuserem a seguir um roteiro que assim o espiritualize. Este longe de se ver frustrado, ao contrário, usufruirá da vida em plenitude. Terá olhos para ver as maravilhas que Deus oferece àqueles o temem e amam. Com efeito, todo esforço na busca da libertação interior leva a uma ulterior convicção de fé, dado que somente a graça pode curar as sequelas do pecado original. Percebe-se então como é bom viver na harmonia da paz da consciência. A tenacidade para vencer os contrastes existentes em cada um resulta numa gratificante beatitude, impossível aos que se entregam à depravação longe de Deus. O teólogo Tullo Goffi alertou que “nossa vida é tecida de antinomias, de contrastes, de oposições, desequilíbrios”. São Paulo já havia dito: “Deparo em mim com esta lei querendo eu fazer o bem, o mal já está junto de mim. De fato, eu me comprazo na lei de Deus, de acordo com o homem interior, mas vejo nos meus membros outra lei a lutar contra a lei da minha razão e me faz escravo da lei do pecado que se encontra nos meus membros” (Rm 7, 21-21). Entretanto, com a graça de Deus o esforço fica coroado de êxito, prevalecendo este homem interior, como aconteceu com o Apóstolo. Resulta também a libertação das antinomias, uma que, tendo conhecimento do mal enraizado nas profundezas do ser humano, se pode atingir o equilíbrio, o autocontrole,. Trata-se de uma luta contínua que só termina após deixarmos este mundo. Por isto todo empenho é necessário num combate com heroica tenacidade para vencer os contrastes existentes dentro de cada um. O cristão é chamado a realizar esta tarefa exercendo uma interioridade pessoal virtuosa. O Ano Novo só será feliz se houver esta disposição realizadora. Daí uma confiança absoluta na proteção divina, pois a ação humana não pode frutificar em boas obras sem ajuda de Deus. É uma ação conjunta, ou seja, a cooperação pessoal e a ação poderosa vinda do Alto. Santo Agostinho sintetizou esta realidade numa sentença luminosa: “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem tí”. Deste modo cada um pode se tornar através do transcorrer de 2016 uma árvore que produz flores e frutos, beatificando a si mesmo e aos outros. * Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário