sexta-feira, 25 de setembro de 2015
UMA PEROLA SE DESTACA NUMA HISTÓRIA LUMINOSA
UMA PÉROLA SE DESTACA NUMA HISTÓRIA GLORIOSA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ao se comemorar os 270 anos da criação da Diocese de Mariana inúmeros aspectos históricos de uma trajetória gloriosa, que muito honra a Igreja e a Pátria, são rememorados
Entre tantos fatos memoráveis se destaque o empenho dos Bispos marianenses pelo Seminário
Estes epíscopos estiveram sempre conscientes de que da ação de um clero instruído e santo depende a construção de um mundo segundo os desígnios divinos. Daí a importância da orientação recebida nos anos de preparação para o ministério sacerdotal. Donde ter sido sempre o Seminário as pupilas dos olhos daqueles que se assentaram no Áureo Trono marianense.
Dom Frei Manoel da Cruz foi o notável fundador desta Casa de Formação.
Dom Joaquim Borges de Figueiroa que, embora não tenha vindo a Mariana, tendo sido rápido o seu governo, não descurou o Seminário. Foi ele quem deu ordem ao seu Procurador, Dr. Francisco Xavier da Rua, para encarecer a importância deste Educandário, tendo sido ele quem nomeou como mestre de Filosofia o notabilíssimo Cônego Luís Vieira da Silva.
D. Frei Domingos da Encarnação Pontével contribuiu com ofertas generosas pessoais para o Seminário o qual conheceu período áureo durante seu bispado.
Durante o episcopado de D.Frei Cipriano de São José floresceu também durante nove anos esta Casa de formação dos Levitas do Senhor, oferecendo numerosos sacerdotes a Minas Gerais.
D. José da Santíssima Trindade deu ao Seminário o seu Segundo Regulamento por ele mesmo redigido com raro talento e notável visão pedagógica. Construiu sua belíssima Capela.
D. Antônio Ferreira Viçoso em cujo governo foi aumentado o prédio do Seminário o entregou à sábia direção dos padres lazaristas.
D. Antônio Corrêa de Sá e Benevides, após 28 anos, trouxe em 1882 de volta do Caraça para Mariana os seminaristas que para lá tinham ido em 1854 devido a varíola que grassou na Cidade dos Bispos.
D. Silvério Gomes Pimenta introduziu novas matérias, reforçando ainda mais o currículo escolar do Seminário para o qual pessoalmente pedia esmolas visando ajudar os seminaristas mais carentes.
D. Helvécio Gomes de Oliveira construiu, com grande sacrifício, mas enorme entusiasmo, o prédio do Seminário Maior.
D. Oscar de Oliveira, professor de várias disciplinas, sobretudo de Direito Canônico, edificou o novo prédio para o Seminário Menor e aplicou com rara sabedoria as diretrizes do Concílio Ecumênico Vaticano II.
D. Luciano Mendes de Almeida reestruturou o Seminário. Sem descurar o Curso de Teologia, valorizou de tal modo o Curso de Filosofia que hoje a Faculdade Arquidiocesana de Mariana “Dom Luciano”, reconhecida pelo MEC, tem sido considerada como uma das mais respeitáveis do país.
D. Geraldo Lyrio Rocha tem continuado brilhantemente a obra de seus antecessores, nomeando também com grande tino excelentes professores para os Institutos de Filosofia e de Teologia. Sua presença marcante, acompanhando as atividades destes Institutos, é sempre um incentivo para os futuros levitas da messe do Senhor e seus competentes mestres.
Portanto, entre as justas homenagens a estes epíscopos o louvor por nunca terem deixado de reservar o melhor de suas atenções a este celeiro de sabedoria e virtudes, pérola preciosíssima engastada numa História luminosa de 270 anos a serviço da evangelização.
Ortega y Gasset ao falar do passado e do futuro do homem atual, mostra que “o único meio do homem se orientar para o futuro é tomar consciência do que foi no passado - passado cujo contorno é inequívoco, fixo imutável. Assim, precisamente porque viver é a gente sentir-se projetado para o futuro [ ...] O passado é o único arsenal que nos fornece materiais para construirmos o futuro. Não é sem razão que nós recordamos. Tenho insistido com frequência na questão de que tudo o que fazemos na vida tem a sua razão de ser. Recordamo-nos do passado porque esperamos o futuro, recordamo-nos em vista do futuro. Eis a origem da história. O homem faz história porque, perante o futuro, que não pode comandar, verifica que a única coisa que detém nas mãos, que realmente possui, é o seu passado. É a única coisa de que pode lançar mão, é o frágil batel em que embarca para o futuro" .
A comemoração dos 270 anos da Diocese de Mariana, dia 28 de novembro, projeta um porvir cheio de esperanças e estas esperanças estão concretizadas sobretudo nas glórias de seu Seminário que continuará a formar um Clero sábio e santo, dedicado e operoso para glória de Deus e bem das almas.
*Professor durante 40 anos no Seminário de Mariana
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