sábado, 26 de setembro de 2015

O MATRIMÔNIO CRISTÃO

O MATRIMÔNIO CRISTÃO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* As propriedades do casamento são a unidade e a fidelidade mútua, que os cônjuges devem afiançar um ao outro, e a indissolubilidade. As palavras de Cristo foram claríssimas: “Todo que repudia sua mulher, e casa com outra, comete adultério contra ela; e se uma mulher repudia o seu marido e casa com outro, comete adultério” (Mc 10,11). São Paulo por isto declarou aos Coríntios: “Quanto àqueles que estão unidos em matrimônio, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido; e, se ela se separar fique sem casar ou reconcilie com seu marido. E o marido igualmente não repudie sua mulher” (1 Cor 7,10). Aos Romanos ele explicou: “Assim a mulher casada está ligada pela lei a um marido, enquanto ele vive; mas se morrer o seu marido, fica desligada da lei marital. Por isso, vivendo o marido, será chamada adúltera se estiver com outro homem; mas se morrer seu marido, fica livre da lei do marido, de maneira que não é adúltera se estiver com outro homem” (Rm 7,2-3). Como bem se expressou o teólogo húngaro Tihamer Toth, “um dos méritos mais insignes da Igreja, e que a sociedade humana sempre lhe há de engrandecer, é o ter defendido em todos os tempos e dum modo impertérrito a indissolubilidade do matrimônio, tanto ao defrontar-se com o terror dos poderosos, como ao desfazer os sofismas dos pseudo-filósofos ou as máximas deslumbrantemente falazes, espalhadas entre o povo!” Cristo elevou o matrimônio á dignidade de sacramento. Além do aumento da graça santificante, este sacramento oferece forças para o cumprimento das obrigações que os pais assumem, a saber: a educação dos filhos e o mútuo auxílio. A Constituição Lumen Gentium do Concílio Ecumênico Vaticano II lembrou aos fiéis que “os cônjuges cristãos, pela virtude do sacramento do matrimônio, pelo qual significam e participam do mistério da unidade e fecundo amor entre Cristo e a Igreja, se ajudam reciprocamente para a santificação, em toda a vida conjugal bem como na aceitação e educação da prole, tendo assim em seu estado de vida seus dons próprios (cf. 1Cor 7,7). Deste consórcio procede a família na qual nascem os novos cidadãos da sociedade humana, que pela graça do Espírito Santo são constituídos filhos de Deus pelo batismo, a fim de que o povo de Deus se perpetue no decurso dos tempos. É necessário que nessa espécie de Igreja doméstica os pais sejam para os filhos os primeiros arautos da fé, pela palavra e pelo exemplo e favoreçam a vocação própria de cada um, especialmente a sagrada”.. Ressalte-se, além disto, que o mútuo auxílio é o alicerce da auto realização para os cônjuges em todo sentido: psíquico, espiritual ou religioso. O respeito mútuo é um alicerce indispensável para o cultivo de um amor eterno. Então, sim, um poderá sempre dizer ao outro: “Hoje eu te amo mais do que ontem, mas te amo menos do que amanhã, porque amanhã eu te amarei mais ainda”. É deste amor que brota a harmonia no lar para que um seja para o outro este adjutório sob todos os aspectos.. O teólogo Auer foi feliz ao escrever que, se o cristão “através do elemento material e corpóreo do seu matrimônio, não tende incessantemente à união pessoal do amor com o cônjuge, também o mundo humano que o circunda lhe permanece fechado, pois ele não chegará nunca àquela solidariedade e fraternidade, da qual a sociedade hodierna de massa necessita tanto quanto necessita de pessoas, e não terá nunca a força de servir generosamente à vida”. Eis por que todo casal que se esmera em evitar as rusgas e as terríveis separações mentaliza aquelas palavras de Cristo: “O que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40) Quem vê Cristo no seu próximo jamais se entrega a altercações e querelas. É esta lição do Mestre que propicia um ambiente impregnado de religiosidade, honradez e paz. Com efeito, no encontro pessoal com o consorte se dá uma especial comunhão com a divindade. Se a imagem de Deus não está presente, tudo vai para o espaço. Esta comunhão do espírito, é, pois, necessária para que o ministério da sexualidade atinja sua finalidade sublime que é povoar a terra com seres que possuem uma dignidade extraordinária. O matrimônio só atinge a plenitude de sua beleza quando os cônjuges, pelo equilíbrio de suas virtudes, são capazes de conjugar o preceito bíblico da procriação, vista como uma missão sublime, e a paternidade responsável que só é possível para os continentes e castos. Nesta visão assim elevada e espiritualista é óbvio que crimes monstruosos como o aborto ou a aberração do controle artificial da natalidade, não têm lugar para quem vive à luz da doutrina do Filho de Deus. Em nossos dias, sobretudo, há necessidade de que os lares cristãos sejam escolas de santidade, uma vez que a família é agredida violentamente pelos meios de comunicação social. Pregar a beleza do ideal familiar é tarefa prioritária na evangelização, missão urgente a bem de toda a sociedade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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