terça-feira, 1 de setembro de 2015
OS CINCO CAMINHOS DA PERFEIÇÃO
OS CINCO CAMINHOS DA CONVERSÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
São João Crisóstomo no seu célebre sermão sobre o diabo tentador indicou cinco caminhos da conversão. Assim os relacionou: a rejeição dos próprios pecados; perdão das ofensas recebidas; oração; esmola e humildade. Razão tem o douto teólogo. A abominação sincera dos pecados inclui não somente o arrependimento, mas também o firme propósito da fuga de toda e qualquer ocasião que possa levar à ofensa a Deus. Esta reprovação do mal cometido supõe que o cristão esteja convicto de que, se pudesse voltar atrás, não cometeria os mesmos erros. Toma então todas as providências para não cair novamente nas garras de satanás. A Deus não se pode enganar. Como diz a Carta aos Hebreus, “todas as coisas são nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb 4,13). Por isto o bom propósito deve ser uma resolução incondicional de não mais O ofender. Não basta lamentar o passado. Cumpre, de fato, delinear boas disposições para o futuro. É necessário então pedir com Davi: “Formai em mim, ó Deus, um coração puro e infundi em mim um novo espírito persistente.” (Sl 50,17) A segunda via é a anistia total às ofensas recebidas. Não desejar mal algum ao ofensor já é sinal de clemência, rezar por ele é o ápice deste indulto salutar. A vingança nunca deve constar na agenda do bom cristão. A oração é a terceira vereda que leva à conversão e quem ora pelos desafetos já se mostra um ótimo orante. Aquele que foi batizado se tornou o templo de Deus e precisa viver sempre em clima de oração. Tudo faz para honra e glória de seu Criador, a quem consagra pela manhã as atividades cotidianas. Durante o dia se lembra a toda hora do divino Hóspede de sua alma. À noite faz o exame de consciência, agradecendo ao Senhor os favores daquele dia. Na Missa dominical haure forças para iniciar uma nova semana, vivendo através de sete dias as mensagens que o Espírito Santo comunica aos que O sabem escutar. Quanto à esmola esta precisa ser dada com critério, preferencialmente colaborando com as Obras Sociais tão numerosas em todas as Paróquias. Entre elas se sobressaem as exercidas por este exército da caridade cristã que é a Sociedade de São Vicente de Paulo. Finalmente, a humildade que é a verdade sobre si mesmo, sobre Deus e sobre o próximo. Sem cair na baixa estima, o cristão reconhece suas fraquezas, suas limitações e tem consciência de que sem a graça divina nada pode realizar de proveitoso para a eternidade. Adora a Deus como o Ser Supremo do qual depende em tudo e não imita os orgulhosos que vivem trazendo o Criador a seu tribunal. O humilde, além disto, enxerga continuamente as virtudes dos outros e jamais se julgando superior a ninguém. O cristão que se dispõe a percorrer estas rotas que conduzem à conversão perceberá que a vida espiritual do batizado é essencialmente obra do Espírito Santo. Sua ação transformadora exige, porém, a cooperação ininterrupta daquele que crê. Tal cristão harmoniza seu comportamento com os carismas recebidos e ilumina a todos que estão em seu derredor. Isto porque está liberto de toda situação pecaminosa alienante. Passou a agir somente segundo o Espírito, dado que percebeu que é chamado à vida de santidade existencial. Dominou as paixões desregradas para proceder de acordo com tudo o que Cristo ensinou. Deste modo, passou a possuir um sentido comunitário eclesial altruísta. Em nossos dias também são inúmeros os que desejam uma experiência espiritual que expresse realmente sua participação no mistério pascal de Cristo É o caminhar rumo à felicidade eterna já vivendo neste mundo o dom salvífico que o Espírito Santo oferece aos que ostentam uma disponibilidade total a suas moções. Feliz o que atinge a harmonia interior entre as faculdades do próprio eu e a capacidade de colóquio e de amor oblativo a Deus e ao próximo. Dá-se então a promoção das potencialidades disseminadas na própria personalidade. São valores humanos que todos possuem e que devem ser adotados e amadurecidos de forma que estejam instrumentos para a prática venturosa de uma conversão contínua, sincera e perseverante. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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