segunda-feira, 3 de agosto de 2015

TODO AQUELE QUE OUVIU O PAI VEM A MIM

TODO AQUELE QUE OUVIU O PAI VEM A MIM Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* Jesus lembrou o que disseram os profetas: “Todos serão instruídos por Deus”. Acrescentou: “Todo aquele que ouviu o Pai e recebeu o seu ensinamento vem a mim” (Jo 6, 45). Isto supõe, é claro, uma fé profunda que precisa ser sempre cultivada. Nas palavras de Cristo fica evidente que Deus falou aos homens e lhes indicou o caminho que leva a Ele, que é o próprio Filho de Deus que veio a este mundo. O Senhor de tudo prossegue dialogando com os seres racionais através da Igreja sempre a proclamar a redenção oferecida pelo Redentor. No Antigo Testamento se percebe que escutar o Criador não é uma atitude fácil, mesmo porque supõe a fé e uma confiança absoluta no Ser Supremo e na obra salvadora que seu Filho realizou nesta terra. No deserto o povo murmurou contra Deus. O profeta Elias num instante de desânimo pediu a morte, pois ele viu crescer em si o sentimento de que o Senhor estava lhe pedindo demais no cumprimento de sua missão. Os ouvintes de Jesus experimentaram também a descrença, mesmo os que viam seus milagres. Eles pensavam que O conheciam muito. Em Nazaré se sabia quem era sua mãe, uma mulher simples, humilde, discreta, continuamente alegre e bondosa. Lá estava seu pai, pois todos tomavam Jesus como o filho de José, o carpinteiro. Este Jesus, contudo, pretendia que sua origem era divina, Ele descera do céu e se dizia o Pão que de lá viera. O primeiro murmúrio das pessoas da Galileia, contudo, se tornou o exórdio do sermão sobre o Pão da vida, revelação sublime que então fez o Filho de Deus. Foi enfático diante dos que duvidaram de sua palavra e repetiu: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei á a minha carne pela vida do mundo”. Tratava-se de uma questão de fé no Pai e nele Jesus, seu Filho. Cumpria simplesmente uma resposta à voz divina e a consequente adesão a Ele. É o Pai que pelo seu Espírito leva à aproximação de Jesus, conduz a Ele e faz crescer o desejo da amizade com Ele. Quem tem a dita de crer se torna o objeto de um intercâmbio entre o Pai e o seu Filho. Este veio para salvar os que nele crescem e, deste modo, o fiel se tornaria um presente de Deus a seu Filho, o Salvador. Por outro lado, no cumprimento de sua tarefa salvífica, tal o anelo de Jesus dar cada um a seu Pai. Então quem o acatasse viveria eternamente. Ele, o Pão do Céu era o penhor seguro da salvação perene, mesmo porque Ele ressuscitaria os que professassem uma fé arraigada. Estes viveriam para sempre com Ele, junto do Pai e no Pai por toda a eternidade, unidos pelo mesmo Espírito divino. Grande a ventura de quem crê, pois desde esta vida tem a garantia da ressurreição, porque Jesus estabelece cada um na união com o Pai. Há desde já uma projeção na vida eterna, o que foi dito pelo profeta Isaías: “Todos serão instruídos por Deus”. O que o Pai ensina é que o próprio Jesus é o Pão vivo de sua palavra e que na Eucaristia se daria a comer pelos que O acatassem. Aí está a razão pela qual o sacerdote após a consagração acrescenta: “Eis o mistério da fé”. Cristo veio de Deus para falar do Pai, se tornando o caminho para a pátria definitiva. É a fé nas suas palavras que leva às coisas do Pai, aos projetos do Pai à vida mesma de Deus. O alimento terrestre perece, mas Ele suscita o anseio pela comida que tem o germe da eternidade a qual é sua Pessoa. Quem nele crê já possui a vida eterna porque soube escutar o Pai. Neste momento, porém, desta sua sublime revelação Jesus passou a outro plano e anunciou outra maravilha que é a Eucaristia: “O pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo”. Deste modo os seus seguidores instruídos pela Palavra, receberiam no Pão eucarístico o nutrimento para sua fé. O progresso nesta fé exige um esforço contínuo. Daí a importância da participação na Missa dominical a qual vai aumentando a capacidade de ouvir a Palavra do Pai e assim a aptidão para viver em função do divino Redentor. Então é semana a semana que cada um se vai habilitando a caminhar para a felicidade perene no reino do Pai. Nesta trajetória não há espaço para saltos mirabolantes. Jesus, porém, àqueles que o Pai atraiu para Ele toca a cada momento, pois na Missa se recebe o movimento do amor que ajuda a entrar numa relação mais íntima com Ele. O cristão se torna orientado, capaz de ir sempre para frente nunca perdendo o rumo da felicidade eterna. Instruído pelo Pai, atraído para Jesus, jamais perderá o que Deus reservou para os que realmente O amam. O archote é a fé, a força é o amor, o alimento é o próprio Jesus e o resultado da perseverança é a beatitude perene.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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