terça-feira, 4 de agosto de 2015
A VIDA E A MISSÃO DA FAMÍLIA
A VIDA E A MISSÃO DA FAMÍLIA, IGREJA DOMÉSTICA.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A grande missão da família é ser uma escola de fé. Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos Cumpre, por isto mesmo, oferecer às famílias espaços de formação como ocorre nas Semanas dedicadas à Família. É que a família é chamada a introduzir os filhos no caminho da iniciação cristã. Pequena igreja, deve ser junto com a Paróquia, o primeiro lugar para a catequização das crianças. Ela oferece aos filhos um sentido cristão de existência e os acompanha na elaboração de seu projeto de vida como discípulos missionários. Os pais ministram aos filhos a instrução para o amor, como dom de si mesmos. O amor é, de fato, essencial à missão da família. Esta ajuda os filhos a descobrirem sua vocação de serviço nas diversas profissões, quer na vida leiga, quer na vida consagrada como extensão do amor que une os pais. Desse modo, a formação dos filhos, que se tornam autênticos seguidores de Jesus Cristo, se realiza nas experiências da vida diária, a partir de tudo que ocorre dentro do lar. Os filhos têm o direito de poder contar com o pai e a mãe, para que cuidem deles e estejam a seu lado até a plenitude de vida. Felizes as crianças que encontram pais que as conduzam para o ideal de santidade traçado por Jesus. As crianças são dom e sinal da presença de Deus em nosso mundo, por sua capacidade de aceitar com simplicidade a mensagem de Cristo. Jesus as acolheu com especial ternura (Mt 19,14) e louvou a disponibilidade delas para acolher o Evangelho como modelos para entrar no reino de Deus (Mt 18,3). É na Igreja doméstica que se plasmam os bons seguidores do Evangelho, formados desde a mais tenra idade. Tarefa sublime a dos pais que educam dentro de um lar no qual reina o amor mútuo, sustentáculo por entre as lutas da existência. Do Papa São João XXIII se diz que primava por simplificar as questões complicadas. Por vezes, aparecem aqueles que complicam o que é simples. Tal acontece com a educação no momento atual. As teorias multiplicam-se. A criança, porém, acaba não recebendo aquele influxo formativo eficiente de que carece. A tarefa educativa é árdua, supõe imolação, mas não está fora do alcance dos que, com atitudes simples e naturais, se entregam a tão nobre missão. Aliás, Emerson com razão afirmou: “Aquele que faz com que as coisas complexas pareçam fáceis, é um educador”. . E se deve salientar, portanto, antes de tudo e, sobretudo, a missão educadora da família onde reina o verdadeiro amor a Deus e aos filhos. Quem é capaz de amar, compreender, ajudar, inspirar confiança, educa com êxito. São Paulo deixou este alerta: “E vós pais não exaspereis os vossos filhos: educai-os na disciplina e na correção do Senhor” (Ef 6,4). O verdadeiro amor manifesta-se numa orientação esclarecida e numa firmeza iluminadora. Não passa recibo nos erros, mas emprega sempre uma pedagogia que cativa e impede todo e qualquer complexo futuro. Supõe um devotamento diuturno que promove o bem-estar dos filhos e sua espiritualização. Por outra, não se pode esquecer que a compreensão é uma exigência do próprio amor. Os pais conscientes de que cada criança tem um perfil caracterológico próprio analisam fato por fato para indagarem o motivo do erro. Se o desacerto não pode nunca ser louvado, a causa que conduziu ao mesmo varia de indivíduo para indivíduo. É esta percepção lúcida que diagnostica atitude a ser ajustada, o comportamento a ser corrigido. Mesmo em tenra idade, o ser humano percebe se houve ou não delicadeza na maneira pela qual a correção foi feita ou o modo como uma situação foi analisada. Então perduram para sempre seus efeitos benéficos desta orientação. Adite-se que a ajuda é imprescindível no processo pedagógico. Esta pode ser traduzida na palavra diálogo. O que as crianças e mesmo os adolescentes mais almejam é uma troca de ideias franca e contínua. O diálogo inclusive é imprescindível para que haja harmonia entre os esposos. É conversando que se clarificam os caminhos a serem percorridos. A palavra opera maravilhas. A conversa amiga é fator de segurança. Momentos felizes aqueles nos quais pais e filhos, numa tertúlia afável, firmam princípios, analisam situações, solidificam expectativas. Neste caso os pais orientam, guiam, ensinam, formam autênticos epígonos do Evangelho, dando sempre eles mesmos exemplos de mútua estima. Tudo isto gera confiança recíproca, que leva ao amadurecimento dos indivíduos. Quando as crianças, os adolescentes, os jovens percebem coerência, eles aderem às instruções que recebem, pois nelas confiam. Então contradições e traumas psíquicos são afastados. Pai e mãe se transformam em confidentes naturais dos filhos. Um espaço valioso fica aberto para uma formação realmente eficaz. Tudo isto supõe imolação, disponibilidade, honorabilidade pessoal, atitudes exemplares, abertura de espírito e idealismo. Quando os pais entendem sua missão de amor e sua missão educadora a família se torna poderoso instrumento de transformação social e eclesial.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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