quarta-feira, 19 de agosto de 2015
O CRISTÃO PERANTE DEUS
O CRISTÃO PERANTE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Se é verdade que o ser racional se posiciona sempre diante do Criador de tudo, crendo nele ou negando sua existência, cabe, sobretudo, a quem tem fé cultivar uma proveitosa comunicação com Ele. Este inefável relacionamento da parte de quem foi batizado pode e deve ser continuamente aprimorado. Há caminhos que aprofundam este venturoso contato com Deus. Em primeiro lugar a consciência clara dos dons constantemente recebidos. Isto conduz a uma profunda gratidão que se revela por uma total fidelidade à vontade do Ser Supremo. Esta lealdade resplandece na maleabilidade em logo atender as solicitações do Espírito Santo. Este está initerruptamente enviando suas mensagens sublimes para que a mente e o coração do fiel tendam crescer espiritualmente. É preciso sempre a atitude de Samuel: “Fala, Senhor, teu servo escuta” (1 Sm 3,10). Não é fácil tal posicionamento, porque a indolência, o comodismo e tantos outros entraves obstam esta docilidade. Donde a advertência do salmista: “Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações" (Sl 95,7-8). Quando, porém, o cristão está cônscio de que as exigências de Deus são unicamente para seu proveito logo acata as inspirações recebidas. Ciente de que este Doador concede seus favores num total desinteresse, pois de nada necessita, este acatamento deve exprimir também uma imitação do desprendimento de seu Senhor. De fato, cumpre aderir a Deus sem dele nada exigir, embora saiba o cristão no seu íntimo que a generosidade do Pai celeste se multiplica para os que a Ele se conformam. Quando o fiel assim procede, não há de sua parte ocasião para as ousadas recriminações, como acontece com aqueles que, embora tendo fé, se voltam contra Deus assim que surgem as provações por Ele enviadas. É que, mesmo estando o cristão em união contínua com seu Senhor, este, exatamente para purificá-lo e o tornar ainda mais leal envia também a ele dificuldades, permite situações aflitivas ou sofrimentos, que põem à prova a força moral, a robustez religiosa, as convicções daquele que se esforça por corresponder a seus chamados. Está clara no Apocalipse: esta atitude pedagógica: “Eu repreendo e castigo a todos quanto amo” (Ap 3,19). As penas de Deus têm finalidade educativa e emanam de seu interesse amoroso pelo progresso espiritual de quem O ama. No Antigo Testamento se pode ler no Livro dos Provérbios: “O Senhor corrige aqueles que ama e faz sofrer o filho mais caro” (Pv 3,12). Óbvio também que Ele oferece sempre a sua graça para que mares tempestuosos sejam atravessados com galhardia e sucesso, apesar da fragilidade humana. Há mesmo uma promessa maravilhosa de Jesus: “Ao vencedor fá-lo-ei uma coluna no templo de meu Deus e não sairá jamais dele, sobre ele escreverei o nome de meu Deus” (Ap 3, 12). Infelizes, pois, os que desfalecem numa prova de infidelidade, de inconstância. A graça das graças é então a perseverança que atrai a complacência divina. Desventurados são aqueles que se dizem cristãos, mas vivem trazendo a seu tribunal os desígnios divinos. Mais infortunados ainda aqueles que tendo chegado a certo grau de santidade ainda ousam invectivar Aquele que é fonte de tantas consolações. A fidelidade significa lealdade, correção, confiança na relação interpessoal. Muito agrada a Deus esta constância, Ele que é fiel e chama ininterruptamente à comunhão de seu Filho, como falou São Paulo aos Coríntios (1 Cor 1,9). Aos Tessalonicenses este Apóstolo lembrou: “É fiel aquele que vos chama e realiza rá suas promessas (1 Tes 1, 24). Todo este itinerário se processa fundamentalmente quando o cristão, de fato, vive na presença de seu Senhor para se firmar na mentalidade de fé. Esta abre para o cristão nova dimensão que transforma a orientação da sua vida e o sistema de seus valores. Ele deixa se iluminar inteiramente pela luz evangélica e pela sabedoria divina que supera de muito as curtas visões humanas. A Palavra de Deus encontrada na Bíblia, acolhida e meditada, produz a referida mentalidade de fé, ou seja, a capacidade de interpretar as coisas segundo o pensamento divino e de encontrar na doutrina revelada motivos inspiradores para santidade. “ Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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