segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O CORDEIRO DE DEUS

O CORDEIRO DE DEUS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* João Batista, estando com dois de seus discípulos, “e vendo Jesus passar, disse: ”Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35). Breves palavras, mas que condensam maravilhosamente toda sua teologia e a cristologia das gerações futuras. Um admirável ato de fé que seria proclamado pelas primeiras comunidades cristãs. Estas, deste modo, propagavam a identidade de Cristo, verdadeiramente, “o Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1). Ele viera para remir a humanidade e seria imolado como vítima inocente no madeiro da Cruz. Em cada Missa, antes da Comunhão, se reza ou se canta duas vezes “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós” e se conclui “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz”. Trata-se da lembrança viva da missão do Redentor e a muitos em nossos dias não agrada que se fale de pecado. Com efeito, sobretudo num contexto como atual no qual se multiplicam os crimes mais hediondos a consciência da gravidade das faltas contra os mandamentos de Deus fica como que diluída. Disto resulta que muitos acabam por não ter o senso do pecado e não se sintam responsáveis por suas ações tantas vezes errôneas. É que diante da violência reinante, onipresente até nas cidades e povoados do interior, perante a exploração dos mais fracos; a pobreza, fruto da ganância dos poderosos; a desigualdade social; a falta de diálogo nas famílias; a infidelidade conjugal, enfim em presença do conjunto dos pecados capitais e seus desdobramentos a campearem por toda parte, tudo isto ofusca a horripila gravidade do pecado. No entanto, o Filho bem-amado do Pai se encarnou e morreu no alto de um madeiro por causa de todas estas desordens, inclusive da imoralidade de que fala São Paulo na segunda leitura da Missa de hoje (1 Cor 6,18). O Apóstolo frisa que fomos, no entanto, comprados por preço muito alto, ou seja, pelo sangue preciosíssimo deste Cordeiro de Deus. Por isto, apesar do cenário tenebroso que apresenta um mundo dissociado dos planos divinos, para aqueles que têm fé, rebrilha a certeza de que, uma vez se reconhecendo pecador e se mostrando arrependido, pelo sacrifício cruento do Filho de Deus, a salvação se torna uma fulgente realidade. O projeto de Deus é de redenção e de uma luta persistente contra o mal e suas consequências funestas. Ele quer que sejamos receptivos a seu apelo de paz e santidade. Estas então se irradiarão por toda a sociedade, colaborando com a obra salvadora do Cordeiro de Deus. Deste modo se impede que ele tenha derramado seu sangue em vão para muitos que se extraviam do caminho indicado pelo Criador. É desta maneira que a imagem de Jesus traçado por João Batista não perde a sua força. A vitalidade de nossa fé depende da postura assumida e dinâmica com que contemplamos Jesus vítima inocente de todos os pecados da humanidade. É ai que entra a responsabilidade de cada um consciente de seu papel na co-redenção do mundo. Quando a imagem do Cordeiro de Deus se reflete na vida do cristão este procura o caminho da perfeição pessoal e se engaja, na medida de suas possibilidades, nas diversas pastorais. Ao menos fará fatalmente o apostolado da oração e o oferecimento dos sacrifícios pessoais, reparando os crimes que se multiplicam mundo afora e rezando pela conversão dos pecadores. Trata-se do amor contagioso que ajuda eficientemente na difusão do Reino de Deus conquistado por este Cordeiro Divino. Então muitos seguirão a Jesus como os discípulos de João Batista e, entre eles André que foi logo dizer a Pedro, seu irmão, “encontramos o Messias”. É este o testemunho, resultado de um esclarecido apostolado, que liberta. Assim o mundo reconhecerá que só em Cristo, Cordeiro de Deus, há salvação. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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