sábado, 13 de dezembro de 2014

O ANÚNCIO DO MISTÉRIO DA SALVAÇÃO

O ANÚNCIO DO MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* Aproxima-se o Natal e este quarto domingo do Advento oferece oportunidade para que se reflita sobre a grandeza do mistério da Encarnação do Verbo de Deus que veio habitar entre os homens. Para esta soleníssima ocasião o Criador se serviu de um dos espíritos que se acham perto de seu trono, o Arcanjo Gabriel. A ele foi confiado o faustoso anúncio do mistério oculto desde toda a eternidade, o qual nem os anjos conheciam. Ele anunciaria à Virgem Imaculada a surpreendente concepção da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. De plano, um aspecto significativo anotado por São Lucas: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré” (Lc 1,26). Os moradores daquela região eram pagãos, exceção feita a uns poucos israelitas. Na Bíblia a Galileia era o país dos gentios, que eram desprezados por serem ímpios e falarem outra língua. No entanto era ali, numa de suas cidades, que Cristo deveria ser concebido. Mais tarde Bartolomeu antes de se tornar apóstolo, indagará a Filipe que lhe dizia ter encontrado o Messias, Jesus de Nazaré: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré”?(Jo 1,47) Havia de fato um enorme preconceito contra os galileus. No entanto, tal foi a vontade de Deus que Jesus pertencesse pela sua concepção àquela gente. É que Ele viera a esta terra não para chamar os justos, mas os pecadores (Mc 2,17). Os habitantes de Jerusalém e da Judéia se consideravam justos, enquanto os galileus eram menoscabados. Deus, porém, olha é para os humildes, os rejeitados, os humilhados e não para os orgulhosos, cheios de fatuidade. A pequena Nazaré teve a honra de ser o lugar no qual o Verbo de Deus se encarnou, enquanto a capital, Jerusalém o crucificará. Na insignificante Belém Jesus nasceria, ao passo que em Jerusalém ele morreria no alto de uma Cruz. Como bem observou Santo André de Creta, o Todo-Poderoso escolheu Nazaré porque quis colher a beleza da virgindade, a rosa perfumada, que era Maria, num país dos espinhos. Ali A Virgem Santíssima teria a alegria da Anunciação, esta alegria que Eva havia perdido lá no jardim do Éden. Cumpria-se a profecia de que o Redentor seria chamado nazareno. O Arcanjo Gabriel saúda Maria como a cheia de graças e, após o esclarecedor diálogo com o enviado de Deus, o maravilhoso “sim” da Virgem Santa: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Realiza-se então o maior fato da História: “O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Ó amor imenso de Deus para com os homens e mulheres de todos os tempos! Ó misericórdia sem limites! O Criador desce ao seio de Maria para ser o salvador da humanidade. Ao tomar da Virgem um corpo humano, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade não se aparta de sua glória eterna. Alegra-te então, ó Maria, cheia de graças, pois tu te tornas digna de todas as honras e de todos os louvores. A maldição edênica por ti se muda em edito de redenção! Maria foi, realmente, o templo maravilhoso da glória celeste, o palácio santificado do Rei eterno. Ela é, de fato, a bendita entre todas as mulheres. O Profeta Ezequiel a chamara estrela da manhã e Davi a montanha santa, a montanha fértil, fecunda na qual Deus quis habitar. Ela foi a escolhida e todas as gerações cantariam sua magnitude superior a todos os astros celestes. Isto porque, como lhe disse o Arcanjo Gabriel, seu filho seria chamado “santo, Filho de Deus”. Seu reino seria mais glorioso do que o de Davi e o de todos os reis da casa de Jacó. A Encarnação do Verbo de Deus por obra do Espírito Santo é uma realidade que marcaria definitivamente a caminhada do homem nesta terra e, ao longo dos séculos seguintes, beatificaria uma multidão de homens e mulheres. Esta aventura divina não teve como objetivo senão conduzir a humanidade para a luz e a felicidade eternas. Jesus nascido de Maria veio salvar e remir dos pecados aos se dispusessem a aceitá-lo e segui-lo. Ele a consolar a finitude humana, ostendando-lhe uma ventura sem fim. Eis porque Ele não cessa de conduzir multidões pelos caminhos da conversão, para que pela graça, a condição de pecadores, enfim libertada das manchas e da morte, chegasse, após o exílio terreno, a uma eternidade venturosa. Diante disto, só resta a expressão feliz de São Paulo: “Quem poderá nos separar do amor de Cristo”? (Rom 8,38-39) Ele nos amou e nos libertou. Nele se cumpriram todas as promessas da Antiga Aliança. Ele se fez o “Emanuel, Deus conosco” (Is 7,14). São Paulo assim cantou a vinda do Verbo de Deus: “Segundo a carne, ele nasceu da estirpe de Davi; segundo o Espírito que santifica, ele foi estabelecido no seu poder de Filho de Deus” (Rom 1,3-4). Por tudo só resta repetir com o salmista: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor” (Sl 88(80)). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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