terça-feira, 25 de novembro de 2014

BASE DE UM APOSTOLADO ESCLARECIDO

BASE DE UM APOSTOLADO ESCLARECIDO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* A situação das comunidades nas quais florescem tantas pastorais, depende das pessoas que delas ativamente participam. De fato, a eclesiologia e antropologia estão intimamente unidas. Donde a necessidade dos fundamentos cristológicos e pneumatológicos da fé por parte de evangelizadores eficientes. Isto significa um conhecimento correto de Cristo e da ação do divino Espírito Santo para que se possa testemunhar a verdade e não o modo de pensar individual. Deste modo se previnem as divisões dentro dos diversos grupos e o cristão se faz um autêntico apóstolo e verdadeiro servidor do Evangelho. Desta maneira cada um evita enquadrar os outros em seus moldes mentais. Resulta uma admirável adaptação mútua numa troca benéfica de experiências que dão frutos opimos. Eis aí a melhor tática para colocar uma barreira à influência das tendências prejudiciais das seitas. Estas apelam para a emotividade e não para uma religiosidade baseada na Cruz de Jesus. Pregam um Evangelho distorcido e usam da boa fé das pessoas para. muitas vezes. enriquecer-se a custa de promessas de falsa prosperidade. A cruz de Cristo, porém, deve levar sempre o fiel é ao cumprimento dos deveres de cada dia, ciente de que seguir a Cristo exige o sacrifício cotidiano em todas as ações numa submissão total à vontade de Deus na alegria e na dor. Trata-se de uma vida indene de toda contaminação de um comodismo que conduz a um comportamento que foge do modo de ser daquele que padeceu e sofreu para a redenção da humanidade. Cristo quer seu discípulo carregando sua própria cruz de cada dia sem esmorecimento. A dele Ele já levou até o Gólgota. Esquecidos seus títulos de glória, obliteradas suas insígnias de honra, a humilhação e o opróbrio feitos sua desditosa partilha, objeto de maldição e de horror, Jesus realmente tomou a sua cruz. Esta sigilou a degradação e o aviltamento humanos, mas se tornou moeda preciosa para o resgate do mundo. Caminhou, então, heroicamente rumo ao Altar Propiciatório no qual, num torvelinho de amargura e dor, redimiria a humanidade. Que espetáculo dantesco! O descendente de tantos Reis e Patriarcas famosos, o homem dos milagres, o benfeitor do povo se dirigiu com uma cruz às costas para o lugar de seu suplício! Que quadro sinistro! O Filho do Eterno, o Unigênito de Deus, o Bem-amado do Pai, “Pontífice inocente, sem manchas, segregado dos pecadores” (Hb 7,26), levando em seus puríssimos ombros um infame e infamante patíbulo! Eis aí a especificidade que deve caracterizar o batizado que não pode perder sua identidade, ou seja, de ser um seguidor dos passos de seu Salvador. O Apóstolo Paulo foi claro: “Quanto a mim, no entanto, que eu jamais venha a me orgulhar, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio da qual o mundo já foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6,14). Eis por que ele insistiu tanto na linguagem da Cruz, a qual torna o cristão competente para se opor a uma religiosidade superficial, inconsistente. A história da salvação de cada um depende da maneira como é visto o Mestre crucificado no Calvário. Foi através de sua paixão, morte e ressureição que Jesus redimiu os homens. Ele tomou a condição de escravo e se humilhou traçando este caminho de humildade para seu verdadeiro discípulo. São Paulo entendeu isto perfeitamente e soube incarnar os valores cristãos feitos de fraqueza e submissão aos desígnios de Deus. Esta atitude longe de aniquilar o ser humano o eleva diante de Deus e o mesmo Apóstolo pôde afirmar: “De fato, a palavra da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para nós que estamos no caminho da salvação, é força de Deus” (1 Cor 1,18). Acrescentou: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” (2 Cor 12,10). É o paradoxo que decorre da doutrina e do exemplo de Cristo, o Mestre sofredor, mas triunfador sobre as forças do mal, vencedor glorioso da morte. Donde a conclusão de São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fl 4,13). *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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