segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ABULIA POLÍTICA

ABULIA POLÍTICA Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras Abulia significa ou falta de desejo ou incapacidade de tomar decisão. No momento histórico no qual se vive cumpre ao povo brasileiro abandonar toda espécie de abulomania, Se a disbulia sempre foi condenável por levar a resultados funestos, sobretudo agora ela se torna mais perniciosa. Uma boa parte da população no Brasil não exerce, infelizmente, o poder político e a estatística dos votos brancos ou nulos é alarmante. Nas pesquisas de opinião o número de indecisos é significativo. Uma conclusão dos cientistas políticos chama a atenção para o problema: “Os resultados mostram que a maioria dos brasileiros (56%) não tem interesse em participar de nenhum tipo de prática que influencie, de alguma maneira, as políticas públicas”. Aí é que se coloca a magna questão: Onde fica a democracia? Esta consiste no governo do povo; na soberania popular. Ora, se a população não se interessa em dar um voto consciente é sinal de que o percebimento do brasileiro, no que tange à sua atuação no regime democrático, é tênue. Justiça política e social são palavras que certos homens públicos vivem a proferir, mas que embaçam maneiras de agir que contradizem estas mesmas sublimes idéias. Cumpre então, sobretudo no segundo turno da próxima eleição, examinar seriamente as propostas dos candidatos. Toda e qualquer farsa deve ser denunciada com coragem e sem delongas. É preciso um direcionamento seguro de todas as ações, o que supõe coerência absoluta na filosofia de um futuro governo. Cumpre ir fundo em cada pronunciamento, em cada passo para se verificar se, realmente, os direitos mais elementares dos cidadãos serão resguardados. Falar em vontade popular representa a autêntica exclusão dos vínculos meramente burocráticos. As doutrinas filosóficas desde os ditos de Platão mostram como o poder político é imprescindível para a espécie humana que necessita de líderes para regulamentar os desvios da liberdade sem responsabilidade. No dizer do citado filósofo grego o político verdadeiro é um dom divino. Para que os homens vivam em comunidade, segundo Platão, foi preciso que os deuses lhe dessem um dom suplementar, ou seja, o dom da política, que lhes permitiu viver em sociedades estáveis. Mais tarde a teologia política do cristianismo veio lembrar que o homem marcado com o pecado original tem sede de poder e de um desejo tal de dominação, que conduz à guerra, a todo tipo de corrupção. Deste modo, um poder político bem orientado tem como finalidade estabelecer a ordem social diante das paixões que estigmatizam a humanidade. A missão do político verdadeiro é, então, propugnar por uma sociedade justa, democrática e pacífica. Eis porque é necessário votar e saber votar, exercendo com sabedoria a cidadania, fugindo da omissão. Mais do que nunca a abulia política será desastrosa!

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