quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A FORÇA POLÍTICA DO MINEIRO

A FORÇA POLÍTICA DO MINEIRO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* Diante da rede intrincada que envolve a escolha do próximo mandatário supremo do Brasil, duas coisa são certas: dois mineiros continuam no páreo e um deles estará no segundo turno. Pode ser que o candidato ligado à maior cidade setecentista deste Estado não esteja na apuração das urnas entre os três mais votados, mas lá estará, neste caso, aquela que, como ele, nasceu na bela capital dos mineiros. Um enigma é o fato de Aécio Neves ter caído para o terceiro lugar exatamente em Minas Gerais. O deputado Marcus Pestana do PSDB diagnosticou muito bem uma das causas deste fenômeno: “Nós relaxamos. Achamos que ele venceria por gravidade, pela força da natureza”. Pode-se até aditar um outro fator: “Para o mineiro, a lógica do coração é muito mais rica e muito mais verdadeira que a lógica da razão” já dizia Tristão de Ataide. Neste caso, é possível que a trágica morte de Eduardo Campos tenha sensibilizado mais profundamente aos montanheses. Além disto, o modo como a candidata do PSB se apresenta, vindo de uma família pobre, tendo sido até funcionária doméstica, mas vencendo com garra as dificuldades da vida, suscita mais comoção aqui do que lá no Acre ou em outras partes da federação. Vale o dito de Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. A sensibilidade característica dos mineiros pode explicar a transferência de votos para a candidata do PSB. Adite-se que Dilma Rousseff, que ainda lidera nas pesquisas de opinião, alia à determinação dos mineiros a têmpera especial que possuem os gaúchos, pois construiu sua vida no Rio Grande do Sul. Ela como a outra candidata é menos aristocrática do que o descendente dos Neves, sendo sua origem de classe média. É óbvio que o discurso dos presidenciáveis é ponderável, mas há fatores imponderáveis que afetam a racionalidade das propostas. Esta é a hora na qual o apelo à consciência cívica do eleitor deve prevalecer para que se faça uma escolha judiciosa, contrabalançando a opção feita na base das falsas emoções ou de outras influências contestáveis. Precisamos, realmente, de ótimos políticos como um Arthur da Silva Bernardes, de um Milton Campos e tantos outros mineiros que lutaram lealmente pela grandeza da pátria e nunca se entregaram à acumulação corrupta de bens numa competição brutal, egoísta e predatória do erário nacional. O autêntico político é, de fato, aquele que se compromete a pugnar contra a epidemia da miséria e outros males sociais. É aquele que se põe ao lado dos pobres não para os colocar na sua dependência com favores escusos, mas dando-lhes apoio moral e colaboração nos seus esforços para se elevarem a um estado de bem-estar. Valorizar o ser humano, eis aí um ideal a ser perseguido com persistência, determinação e sem hipocrisia é o apelo que parte de Minas Gerais. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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