RITA DE CÁSSIA, MARIA E O VERDADEIRO AMOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
São João deixou a célebre conceituação do Ser Supremo: “Deus é amor” e, por isto, “quem não ama não conhece a Deus” (1 Jo 4,8). Acrescenta que “se amamos, o amor de Deus em nós é perfeito” (1 Jo 4,12). Antes ele havia afirmado: “Quem não ama permanece na morte”. (1 Jo 3,14).
São Paulo dirá que “o amor é a plenitude da lei” (Rm 13,10).
Mais tarde ensinará Santo Agostinho: “Ama e faze o que quiseres”, e tem razão o sábio teólogo, pois quem ama a Deus observa seus mandamentos e nunca prejudica o próximo. O autor da Imitação de Cristo desceu a detalhes: “O amor é circunspeto, humilde e reto; não é frouxo, nem leviano, nem vaidoso; é temperado, casto, firme, quieto e precatado na guarda de todos os sentidos”. (Imitação de Cristo, liv. V, c. 5). É que o amor é a energia do universo, o alento atrativo de toda a criação. Diz um antigo hino grego: «O Eterno disse ao Amor: que tudo se organize; e tudo se organizou»! Se no mundo físico o amor é o vértice da criação, no mundo moral é o princípio da alegria. O mundo não conhece o verdadeiro amor, dado que este é confundido tantas vezes com as paixões desenfreadas. Para quem o possui é o tipo supremo da felicidade, tanto que Santa Tereza de Jesus mostrou qual é a desgraça máxima do demônio: “Ele não ama”. Eis porque a desventura suprema é não amar. Diz o citado livro “Imitação de Cristo” que “não há no céu nem na terra nada mais doce, mais forte, mais sublime, mais amplo, mais delicioso, mais completo nem melhor do que o amor”. Esse amor, segundo um sublime poema monástico nasceu de Deus e não pode, como o mesmo poema acrescenta, descansar senão em Deus, elevando-se acima de todas as criaturas.
Como maio é o mês mariano e também o mês ritiano por antonomásia, nada melhor do que uma reflexão sobre duas mulheres extraordinárias que viveram em épocas diferentes, em países distantes uma da outra, mas ambas envoltas num grande amor a Deus que as submergiu numa admirável santidade.
Para Maria o amor a Jesus nasceu de sua maternidade divina e a dileção aos homens fluiu do fato de ser co-redentora da humanidade. Para Rita a prova de amor a Cristo esplendeu naquele espinho que trouxe na sua fronte e a sua dileção para com seus devotos se manifesta no culto de dulia recebido mundo todo, prova de tantas graças que obtém para os que imploram sua proteção.
Para Maria, Jesus era o filho bem-amado; para Rita, Cristo era o esposo dileto de seu coração.
Maria esteve lá no Calvário junto ao Redentor da humanidade e Rita que não tirava os olhos de seu Crucifixo vivia intensamente a redenção que se consumou no Gólgota, onde Jesus Cristo deu a prova suprema de sua dileção aos homens.
A espada de dor transpassou a alma de Maria e a fez Senhora das Dores; um espinho da Coroa de Jesus marcou a fronte de Rita, inundando-a no sofrimento.
Maria através de seu “sim” trouxe ao mundo o Salvador; Rita por causa de sua ininterrupta adesão a Deus salvou o marido e os filhos e vem transfigurando o coração de tantos pecadores.
Maria foi sempre um espelho transparente da justiça do Ser Supremo; Rita nunca deixou de ser uma testemunha da misericórdia divina.
Maria lançou os acordes do Magnificat; Rita fez os sinos de seu Convento tocarem, misteriosamente, harmoniosamente, no dia de sua entrada no céu.
Maria é a Rosa mística do jardim da Igreja; Rita é a santa das rosas trescalantes de perfume do jardim de Rocca Porena.
Ambas, mulheres enamoradas do Amor divino, cujas chamas partem do único incêndio da Trindade Santa, conduzem seus devotos ao verdadeiro amor. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
terça-feira, 7 de junho de 2011
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