segunda-feira, 13 de junho de 2011

DIA DO PAPA

DIA DO PAPA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Este ano dia 4 de julho voltam-se ainda mais intensamente os pensamentos para Roma. Não a Roma capital da Itália, mas a Roma dos Papas, capital do mundo católico, a única que merece o nome de cidade eterna, onde reside aquele que, como legítimo sucessor de Pedro governa a Igreja de Cristo, orientando todo o mundo para os caminhos da Verdade e da Justiça. Sua autoridade lhe advém do próprio Redentor da humanidade, o que exige total submissão ao dirigente máximo da cristandade. Quem percorre com atenção o Evangelho percebe como o Mestre divino organizou uma sociedade da qual ele seria o chefe invisível, mas da qual um dos seus apóstolos seria o chefe visível, dando-lhe uma soberania espiritual, a fim de guiar com sabedoria o seu rebanho. Ele escolheu o Apóstolo Pedro e lhe conferiu a primazia, isto é, o primeiro lugar entre os apóstolos. Quando os interpela sobre a fé no Messias, Pedro é o primeiro que responde em nome de todos: “Tu és o Cristo, filho do Deus vivo” (Mt 18,16). Jesus prega à multidão espalhada pelas margens do lago de Genezareth e é Pedro quem cede a sua barca de pescador para servir de púlpito ao Filho de Deus. Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, mas o único designado nominalmente é Pedro, como registrou São Paulo na Carta aos Coríntios: “Cristo ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras, apareceu a Cefas, depois aos doze” (1 Cor 15,4) . Dois discípulos haviam corrido ao lugar onde havia sido sepultado o Ressuscitado, mas um deles foi mais rápido, mas aguardou Pedro, como bem narrou São João: “Chegou também Simão Pedro e, entrando, viu as ataduras que estavam no chão e o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus [...] Entrou então, também, o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro” João 20,6 ss) . Após Pentecostes, belíssimos os discursos que São Pedro fez diante dos judeus, afirmando solenemente: “Esse Jesus, Deus o ressuscitou e disso nós todos somos testemunhas” (Atos 2, 14-36; 3,11-25). No Concílio de Jerusalém, ele ergueu-se e, com toda autoridade, falou e declarou firmemente que era pela graça do Senhor Jesus que somos salvos e do mesmo modo também os pagãos (Atos 15, 7-11). A questão estava resolvida, pois os judeu-cristãos exigiam dos que eram oriundos do gentilismo as observâncias legais, inclusive a circuncisão como necessárias à salvação. É que Jesus, depois de ter dado a Pedro a primazia, lhe conferiu o poder para sabiamente orientar. É que, após sua ressurreição, antes de deixar o mundo, perguntara a ele: “Pedro, tu me amas?” Depois da afirmação franca, sincera e ardente do Apóstolo e, na verdade, por três vezes repetida, este recebeu esta ordem: “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). Essa supremacia conferida ao primeiro Papa, sendo parte essencial da constituição da Igreja, devia durar tanto quanto a própria Igreja, e passar da fronte de Simão Pedro para todos aqueles que o sucedessem. Pedro, tendo fixado a sua sede na cidade de Roma, esta tornou-se o centro da Igreja, e os poderes dele se transmitiriam por direito divino à sucessão dos Bispos que lá presidem. Os Papas, porém, sofreriam o exílio, o cativeiro, as perseguições, mas tudo isto nada tiraria a primazia dos sucessores de Pedro. Em Ravena, em Salerno, em Avignon, em Savona, em Fontenebleau, em Gaeta, o Papa sempre permaneceu bispo de Roma, exercendo sobre o mundo o tríplice poder de Chefe, de Mestre e de Pastor, poder recebido de Deus e reconhecido pela história da Igreja em todos os tempos. Como Pedro, o Papa é Mestre supremo, Mestre da doutrina e da verdade. Cumpre também defender a doutrina, e o Papa a defende, nunca deixando de condenar os erros. É necessário, além disto, definir a doutrina, esclarecer os espíritos, explicar os seus desenvolvimentos e formular as conclusões. Tal tem sido através dos tempos a missão dos sucessores de Pedro. São eles que condenam as heresias, reúnem os Concílios, definem os dogmas e guiam a Igreja de Deus por entre as revoltas que surgem nos diversos contextos históricos, sem que jamais as potências do inferno prevaleçam contra ela. Como Pedro, o Papa é o pastor supremo das almas. É realmente dele que vem a instituição canônica dos Bispos, do Chefe da Igreja partem as leis do culto, da oração, da disciplina, em uma palavra, todos os tesouros dessa munificência espiritual, que não é somente a ação da autoridade e da verdade, mas ainda da caridade em toda sua expansão, abraçando na mesma unidade todos os fiéis e transmitindo à Igreja militante e padecente os dons divinos do céu. No dia consagrado ao primeiro dos Pontífices, ao apóstolo Pedro, tais preces sobem, de modo especial, ao trono de Deus com votos de que Ele ilumine sempre Bento XVI, gloriosamente reinante, com suas luzes para glorificação da Igreja, para a paz do mundo e para salvação das almas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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